São Paulo, sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Menino ficou emocionado, diz avó materna

DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

Com a família reunida na casa onde mora com o marido, o genro e os dois netos, a empresária Silvana Bianchi, avó de Sean, disse ontem que o menino ficou "emocionado" com a decisão do STF. Segundo ela, a criança escreveu um cartaz a Lula na esperança de que o presidente poderia mantê-lo no país. "Isso partiu dele, do coração dele, da aflição dele de ser separado da irmã e da família", afirmou por telefone.

 

FOLHA - Como vocês receberam a notícia da liminar do STF?
SILVANA BIANCHI -
Aliviados da pressão de ontem, daquela sentença infeliz que houve ontem. Porque aquilo foi uma arbitrariedade. Finalmente vai se cumprir a Constituição.

FOLHA - Mas o plenário do Supremo ainda terá que decidir se Sean vai ser mesmo ouvido pela Justiça...
BIANCHI -
Sim, mas há que se cumprir a Constituição.

FOLHA - Vocês acreditam que, se o menino for ouvido, a posição da Justiça sobre o caso pode mudar?
BIANCHI -
Não sei o que acontecerá. Mas, pela primeira vez, Sean vai conseguir o que quer.

FOLHA - Como foi a espera pelo julgamento do processo no TRF e do habeas corpus no STF?
BIANCHI -
A gente ficou perplexo, sem saber o que ia acontecer. Porque é difícil para desembargadores que não são de Justiça de família avaliarem uma matéria que não é da especialidade deles. É muito difícil um desembargador que julga firmas e coisas assim julgar uma coisa de direito de família. A decisão dos desembargadores, de separar dois irmãos, foi uma brutalidade. Nem na guerra se separa irmãos.

FOLHA - Quando ele pintou os cartazes?
BIANCHI -
Ontem. Foi [a expressão do] desejo dele de criança. Na angústia, fez aquele desenho pedindo ao presidente que atendesse o desejo dele. Porque durante esse processo, que já dura um ano e meio, ele fala e não é ouvido. Ele diz: "Ninguém me escuta, ninguém me respeita." Tanto que, no cantinho do desenho, colocou: "Vocês têm que me compreender".

- FOLHA - Vocês conversaram com ele sobre a sentença do TRF?
BIANCHI -
Em momento nenhum desse processo nós escondemos alguma coisa do Sean. O Sean participa conosco de todas as nossas angústias, nossas alegrias. Então, ontem [anteontem], ele sabia exatamente a nossa angústia. E então, ele fez esse cartaz. Pegou uma folha grande, o lápis e disse: "Eu vou escrever uma coisa para o Lula. Ele tem que me ouvir, tem que me compreender".
Fiquei muito emocionada quando vi. Porque isso partiu dele, do coração dele, da aflição de ser separado da irmã e da família. Porque o David Goldman é o pai biológico, mas não tem sido uma pessoa muito presente ultimamente. Isso deixa uma lacuna muito grande na parte da relação afetiva da criança.

FOLHA - E como foi a reação dele quando soube hoje que não ia precisar voltar para os Estados Unidos?
BIANCHI -
Ficou muito emocionado. Antes estava muito ansioso. Imagina um menino de nove anos e meio perder toda uma relação afetiva que ele tem aqui... Ele já perdeu a mãe, e agora iria perder a irmã, que é a ligação mais próxima que tem de amor à mãe. Isso ia deixar uma lacuna enorme. Então ficou muito feliz.


Texto Anterior: STF suspende decisão de devolver Sean ao pai
Próximo Texto: Pai diz que decisão é covardia; governo dos EUA lamenta caso
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.