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Menino ficou emocionado, diz avó materna
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
Com a família reunida na casa onde mora com o marido, o
genro e os dois netos, a empresária Silvana Bianchi, avó de
Sean, disse ontem que o menino ficou "emocionado" com a
decisão do STF. Segundo ela, a
criança escreveu um cartaz a
Lula na esperança de que o presidente poderia mantê-lo no
país. "Isso partiu dele, do coração dele, da aflição dele de ser
separado da irmã e da família",
afirmou por telefone.
FOLHA - Como vocês receberam a
notícia da liminar do STF?
SILVANA BIANCHI - Aliviados da
pressão de ontem, daquela sentença infeliz que houve ontem.
Porque aquilo foi uma arbitrariedade. Finalmente vai se
cumprir a Constituição.
FOLHA - Mas o plenário do Supremo ainda terá que decidir se Sean
vai ser mesmo ouvido pela Justiça...
BIANCHI - Sim, mas há que se
cumprir a Constituição.
FOLHA - Vocês acreditam que, se o
menino for ouvido, a posição da Justiça sobre o caso pode mudar?
BIANCHI - Não sei o que acontecerá. Mas, pela primeira vez,
Sean vai conseguir o que quer.
FOLHA - Como foi a espera pelo julgamento do processo no TRF e do
habeas corpus no STF?
BIANCHI - A gente ficou perplexo, sem saber o que ia acontecer. Porque é difícil para desembargadores que não são de
Justiça de família avaliarem
uma matéria que não é da especialidade deles. É muito difícil
um desembargador que julga
firmas e coisas assim julgar
uma coisa de direito de família.
A decisão dos desembargadores, de separar dois irmãos, foi
uma brutalidade. Nem na guerra se separa irmãos.
FOLHA - Quando ele pintou os cartazes?
BIANCHI - Ontem. Foi [a expressão do] desejo dele de criança.
Na angústia, fez aquele desenho pedindo ao presidente que
atendesse o desejo dele. Porque
durante esse processo, que já
dura um ano e meio, ele fala e
não é ouvido. Ele diz: "Ninguém me escuta, ninguém me
respeita." Tanto que, no cantinho do desenho, colocou: "Vocês têm que me compreender".
- FOLHA - Vocês conversaram com
ele sobre a sentença do TRF?
BIANCHI - Em momento nenhum desse processo nós escondemos alguma coisa do
Sean. O Sean participa conosco
de todas as nossas angústias,
nossas alegrias. Então, ontem
[anteontem], ele sabia exatamente a nossa angústia. E então, ele fez esse cartaz. Pegou
uma folha grande, o lápis e disse: "Eu vou escrever uma coisa
para o Lula. Ele tem que me ouvir, tem que me compreender".
Fiquei muito emocionada
quando vi. Porque isso partiu
dele, do coração dele, da aflição
de ser separado da irmã e da família. Porque o David Goldman
é o pai biológico, mas não tem
sido uma pessoa muito presente ultimamente. Isso deixa uma
lacuna muito grande na parte
da relação afetiva da criança.
FOLHA - E como foi a reação dele
quando soube hoje que não ia precisar voltar para os Estados Unidos?
BIANCHI - Ficou muito emocionado. Antes estava muito ansioso. Imagina um menino de
nove anos e meio perder toda
uma relação afetiva que ele tem
aqui... Ele já perdeu a mãe, e
agora iria perder a irmã, que é a
ligação mais próxima que tem
de amor à mãe. Isso ia deixar
uma lacuna enorme. Então ficou muito feliz.
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