Criança de dois anos tem 29 objetos pelo corpo, segundo nova avaliação médica

Estado de saúde dele é grave e vem apresentando piora, segundo hospital; de acordo com a polícia, padrasto confessou que fazia ritual

MATHEUS MAGENTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O menino de dois anos internado em estado grave com agulhas de costura dentro do corpo foi transferido ontem para um hospital de Salvador, depois que a equipe médica detectou, em novos exames, dois dos objetos metálicos em seu coração.
A transferência foi realizada porque a equipe do Hospital do Oeste, em Barreiras (858 km de Salvador), onde a criança estava internada, não tem um especialista em cirurgia cardíaca. O menino estava no local desde domingo, após apresentar dores abdominais e vômito. Depois da nova avaliação, médicos disseram que o garoto está com 29 agulhas pelo corpo -a equipe do primeiro hospital havia dito que eram cerca de 50.
Segundo a direção do hospital, o estado de saúde dele é grave e vem apresentando piora. A cirurgia para a retirada das agulhas deve acontecer amanhã, após exames de médicos do Hospital Ana Néri, em Salvador, para onde foi levado.
Ele está consciente e respira sem a ajuda de aparelhos. Foram achadas agulhas com 4,5 centímetros cada uma no coração, pulmão, pescoço, coluna, perna e aparelho digestivo. Na coluna, segundo médicos, podem deixar sequelas, como a limitação de movimentos.
A Justiça de Ibotirama, onde a família da criança mora, decretou na manhã de ontem a prisão temporária por cinco dias de três suspeitos: o padrasto do garoto e duas mulheres. A polícia ainda não decidiu se vai pedir a prisão preventiva deles.
Detidos desde quarta-feira, eles foram transferidos para outra cidade, que não foi divulgada, porque um grupo de moradores tentou invadir a delegacia para atacá-los.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Helder Santana, o padrasto, Roberto Carlos Magalhães Lopes, 30, disse que foram inseridas de três a quatro agulhas por sessão em um suposto ritual de magia negra, feito com a ajuda das suspeitas.
Em depoimento à polícia, Angelina dos Santos, apontada como amante dele, e Maria Nascimento negaram participação no crime. Os três suspeitos ainda não tiveram advogados de defesa designados.
"Ele confessou em depoimento que colocou as agulhas por orientação da mãe-de-santo, essa que foi presa, para se vingar da mãe da criança, que não deixava ele ser feliz com a amante", disse Santana.


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