São Paulo, quarta-feira, 19 de janeiro de 2005

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Carnaval

Sem dinheiro, carnavalesco recebeu R$ 50 mil da Vale do Rio Doce

Internação de Joãosinho Trinta é paga com doações

DA SUCURSAL DO RIO

Sem dinheiro para pagar o tratamento médico, o carnavalesco mais conhecido do país, Joãosinho Trinta, 71, recebeu da Companhia Vale do Rio Doce uma doação de R$ 50 mil, segundo a Unidos de Vila Isabel, escola para a qual trabalha atualmente.
O dinheiro, diz a Vila, pagará parte das despesas hospitalares, já que Joãosinho Trinta não tem plano de saúde. Uma parte foi paga pela escola, que não revelou o custo total do tratamento.
Em novembro, o carnavalesco, hipertenso, teve o segundo AVC (acidente vascular cerebral) e foi internado na UTI. Está hoje num quarto do hospital Samaritano.
Procurada, a Vale do Rio Doce não confirmou oficialmente a doação. A assessoria de imprensa da Vila afirmou que o gesto da companhia foi por gratidão.
É que Joãosinho Trinta desenvolveu, em 2003, enredo patrocinado pela empresa para a Grande Rio, "O Nosso Brasil que Vale", sobre a exploração mineral.
A escola teve a melhor colocação da história, 3º lugar. Mas, em 2004, o carnavalesco foi demitido por (como sempre) polemizar, ao acusar a Igreja Católica de censura e não promover a camisinha.
Tido como genial pelos colegas, o carnavalesco nunca foi de juntar dinheiro ou planejar a velhice, diz um ex-colaborador. Segundo ele, Joãosinho Trinta mal sabia o valor do dinheiro recebido, o que fez muitas pessoas se aproveitarem com contratos pouco vantajosos.
Pela Viradouro, em 97, levou o último título. A cada troca seu passe foi desvalorizado. Um carnavalesco "top" ganha hoje R$ 15 mil/mês, fora premiações. Joãosinho já não integra esse rol. Não pelo talento, mas pela conjuntura desfavorável, dizem amigos.
Ex-bailarino, Joãosinho Trinta começou nos anos 60 como aderecista na equipe dos "mestres" Arlindo Rodrigues e Fernando Pamplona, do Salgueiro, que então revolucionava a estética do Carnaval carioca. Conquistou com Rodrigues, Pamplona e a amiga Maria Augusta o título de 1971 e, sozinho, os de 1974 e 1975. A maturidade profissional e a pujança financeira vieram na Beija-Flor, de 1976 a 1992, com cinco conquistas. Em 1989, vice, levou à Sapucaí a alegoria de Cristo mendigo coberto por sacos de lixo.
Joãosinho Trinta deixou o Carnaval da Vila organizado: carros idealizados, a ordem do desfile e fantasias desenhadas. A tarefa de concluir "Singrando Mares Bravios... Construindo o Futuro" é do assistente Vany Araújo.


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