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Carnaval
Sem dinheiro, carnavalesco recebeu R$ 50 mil da Vale do Rio Doce
Internação de Joãosinho Trinta é paga com doações
DA SUCURSAL DO RIO
Sem dinheiro para pagar o tratamento médico, o carnavalesco
mais conhecido do país, Joãosinho Trinta, 71, recebeu da Companhia Vale do Rio Doce uma
doação de R$ 50 mil, segundo a
Unidos de Vila Isabel, escola para
a qual trabalha atualmente.
O dinheiro, diz a Vila, pagará
parte das despesas hospitalares, já
que Joãosinho Trinta não tem
plano de saúde. Uma parte foi paga pela escola, que não revelou o
custo total do tratamento.
Em novembro, o carnavalesco,
hipertenso, teve o segundo AVC
(acidente vascular cerebral) e foi
internado na UTI. Está hoje num
quarto do hospital Samaritano.
Procurada, a Vale do Rio Doce
não confirmou oficialmente a
doação. A assessoria de imprensa
da Vila afirmou que o gesto da
companhia foi por gratidão.
É que Joãosinho Trinta desenvolveu, em 2003, enredo patrocinado pela empresa para a Grande
Rio, "O Nosso Brasil que Vale",
sobre a exploração mineral.
A escola teve a melhor colocação da história, 3º lugar. Mas, em
2004, o carnavalesco foi demitido
por (como sempre) polemizar, ao
acusar a Igreja Católica de censura e não promover a camisinha.
Tido como genial pelos colegas,
o carnavalesco nunca foi de juntar
dinheiro ou planejar a velhice, diz
um ex-colaborador. Segundo ele,
Joãosinho Trinta mal sabia o valor do dinheiro recebido, o que fez
muitas pessoas se aproveitarem
com contratos pouco vantajosos.
Pela Viradouro, em 97, levou o
último título. A cada troca seu
passe foi desvalorizado. Um carnavalesco "top" ganha hoje R$ 15
mil/mês, fora premiações. Joãosinho já não integra esse rol. Não
pelo talento, mas pela conjuntura
desfavorável, dizem amigos.
Ex-bailarino, Joãosinho Trinta
começou nos anos 60 como aderecista na equipe dos "mestres"
Arlindo Rodrigues e Fernando
Pamplona, do Salgueiro, que então revolucionava a estética do
Carnaval carioca. Conquistou
com Rodrigues, Pamplona e a
amiga Maria Augusta o título de
1971 e, sozinho, os de 1974 e 1975.
A maturidade profissional e a pujança financeira vieram na Beija-Flor, de 1976 a 1992, com cinco
conquistas. Em 1989, vice, levou à
Sapucaí a alegoria de Cristo mendigo coberto por sacos de lixo.
Joãosinho Trinta deixou o Carnaval da Vila organizado: carros
idealizados, a ordem do desfile e
fantasias desenhadas. A tarefa de
concluir "Singrando Mares Bravios... Construindo o Futuro" é do
assistente Vany Araújo.
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