|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Seguro de R$ 1,3 bi prevê só R$ 20 mi para famílias
É o valor previsto para indenizar famílias de mortos ou que tiveram a casa afetada
Para secretário da Justiça, não há garantia de que seja o suficiente para as vítimas, mas, nesse caso, consórcio terá de "botar mão no bolso"
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O seguro contratado pelo
Consórcio Via Amarela reserva
R$ 20 milhões para indenizar
famílias atingidas pelo desastre
no metrô, disse ontem o secretário de Estado da Justiça, Luiz
Antonio Guimarães Marrey. O
total da apólice contratada com
a Unibanco-AIG é de R$ 1,3 bilhão, mas só essa parcela é destinada às indenizações civis.
Não há garantia de que o valor estipulado seja suficiente
para as indenizações, tanto pelas casas afetadas como pelas
mortes. "Se o seguro não der
conta, eles [o consórcio] terão
que botar a mão no bolso."
De manhã, Serra já havia dito
que, caso haja demora no pagamento do seguro, o governo assumirá o ônus. "As indenizações cabem ao consórcio. O Estado tem papel nisso, até porque, se houver demora, o Estado paga e desconta nos pagamentos ao consórcio."
De manhã, o prefeito Gilberto Kassab (PFL) disse ter criado um grupo de trabalho para
ajudar donos das casas atingidas. "Tenho dito para as seguradoras não brincarem com as
famílias. Jogaremos todo o
nosso peso, o peso político da
Prefeitura de São Paulo, para
que seja feita a justa indenização", disse Kassab, em uma das
mais duras declarações desde
que assumiu, no início de 2006.
"E que a seguradora não
brinque com as famílias, vai
comprar uma briga enorme."
Segundo especialistas ouvidos pela Folha, a melhor forma
de receber rapidamente a indenização é tentar um acordo. A
disputa na Justiça pode se prolongar por mais de dez anos.
Seguro do seguro
O consórcio tem apólice com
a Unibanco-AIG, mas o IRB
(Instituto de Resseguros do
Brasil) e um grupo de resseguradoras estrangeiras devem arcar com os danos do acidente.
As resseguradoras compartilham o risco. Assim, a Unibanco-AIG passou uma parcela do
risco ao IRB, que, por sua vez,
repassou parte a um grupo de
resseguradoras estrangeiras.
Na prática, a maior parte do valor para indenizações virá dessas firmas de outros países.
O contrato fechado com a
Unibanco-AIG inclui seguro de
responsabilidade civil e seguro
de engenharia. O seguro de responsabilidade civil garante
atendimento médico-hospitalar, lesões corporais e morte,
reconstrução ou reparação dos
imóveis danificados ou destruídos, reparo ou reposição de
bens móveis, como veículos,
mobiliários e utensílios danificados e hospedagem e aluguéis
temporários caso não seja possível o acesso aos imóveis.
As vítimas deverão enviar as
reclamações à seguradora por
meio do consórcio. Este deverá
registrar, encaminhar reclamações para a seguradora e acompanhar cada um dos processos.
O seguro de engenharia inclui todos os riscos, inclusive
naturais, falhas de execução ou
erros de projeto. As únicas exceções são atos de guerra, terrorismo ou radiação nuclear.
O grupo de resseguradoras
estrangeiras deve encaminhar
os recursos para o IRB, que repassa a verba à seguradora.
Normalmente é realizada primeiro uma investigação formal
para detectar as causas do acidente e o alcance dos danos. Somente depois disso, o dinheiro
das indenizações é liberado.
Colaborou a Sucursal do Rio
Texto Anterior: Caixão de luxo do operário não cabia no jazigo Próximo Texto: Subprefeito diz que repassava ao Metrô queixas sem apurar Índice
|