São Paulo, sábado, 19 de janeiro de 2008

Próximo Texto | Índice

Pane pára o metrô pela 4º vez em apenas 18 dias

Problema, considerado inusitado pela empresa, demorou duas horas para ser resolvido

Pelo menos 115 mil pessoas foram prejudicadas; seqüência de panes é resultado de corte em manutenção, diz sindicato

Diego Padgurschi/Folha Imagem
Passageiros na estação Paraíso; metrô teve problemas ontem


ALENCAR IZIDORO
FILIPE MARCEL
DA REPORTAGEM LOCAL

O metrô de São Paulo teve ontem a quarta pane técnica em menos de duas semanas -e que voltou a atrasar viagens, superlotar estações, aumentar a demora entre os trens em pleno horário de pico e a revoltar passageiros. A falha demorou duas horas para ser resolvida.
Desta vez, houve um problema mecânico considerado "inusitado" pela empresa na ligação de dois vagões de um trem que seguia, às 6h47, pela linha 1-azul, a Norte/Sul, entre as estações Ana Rosa e Paraíso.
A composição perdeu tração e parou. Os passageiros, assustados, tiveram que usar a passagem de emergência, paralela aos trilhos, para sair do túnel -assim como os de outro trem, próximo à estação São Bento.
A área foi interrompida, e a situação ficou caótica. O metrô operou parte do tempo só com a segunda via e velocidade reduzida. A circulação foi normalizada às 8h45. Mas os reflexos da demanda reprimida de usuários persistiram por mais tempo, inclusive na linha 3-vermelha, a Leste/Oeste.
Os intervalos entre os trens, geralmente inferiores a dois minutos, ultrapassavam 15 minutos. Entradas foram bloqueadas para evitar tumulto.
A linha 1-azul transporta mais de 1,2 milhão de pessoas por dia. O diretor de operação do Metrô, Conrado Grava de Souza, dizia acreditar numa quantidade próxima de 115 mil prejudicadas diretamente.
Outras três falhas relevantes no metrô paulista -em dois casos, com perda de tração dos trens- já tinham ocorrido neste ano. A que mais provocou transtornos foi a do dia 9, quando um problema elétrico afetou por cinco horas a mesma linha 1-azul, a mais antiga da rede.
Em relação à série de ocorrências, Grava de Souza afirmou ser "coincidência". Para ele, não há nenhum motivo para preocupação com os riscos.
Ele diz que "às vezes fica um mês" sem nenhum caso e, no balanço de 2007, houve queda na quantidade de interferências e falhas em relação a 2006.
O presidente do sindicato dos metroviários, Wagner Gomes, considera a seqüência de panes resultado de corte em manutenção preventiva, uso de peças com vida útil esgotada, além da crescente superlotação -que aumenta a condição de desgaste dos equipamentos.
Funcionários ouvidos pela reportagem relatavam preocupação com a falha de ontem, considerada incomum.
O Metrô nega relação das panes com falta de manutenção e nega as deficiências apontadas pelo sindicato. Segundo Grava de Souza, em 2008 estão programados R$ 352 milhões para isso. Ele não soube dizer se a verba dos anos anteriores -só a de compra de materiais sobressalentes, que era de R$ 36 milhões em 2006, R$ 40 milhões em 2007 e deve atingir R$ 59 milhões neste ano, quando serão contratados mais 200 funcionários de manutenção.


Próximo Texto: Avariado, trem do metrô ficou no túnel por 40 min, diz passageiro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.