São Paulo, sábado, 19 de janeiro de 2008

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Projeto reflete estilo carioca, mas com serviço "paulista"

DA SUCURSAL DO RIO

Desde o mobiliário até a fachada do prédio, todo o projeto do arquiteto Philippe Starck para o Hotel Fasano procurou refletir o estilo de vida descontraído do carioca. Os freqüentadores do posto 8 de Ipanema, porém, vêem uma "cara paulista" no serviço. As cadeiras de madeira sobre a areia -compradas em Punta del Este, Uruguai- destoam das tradicionais de alumínio. Com um encosto menor, é difícil sentir conforto.
No lugar das cangas sobre a areia, uma toalha de algodão forra um colchão que, por sorte, ainda não queimou nenhum cliente com o calor do sol.
"É um diferencial. Tem que ter algo exclusivo", diz a bióloga paulista Suzana Sendcz, traduzindo o ideal do Grupo Fasano. Ela foi ao Rio comemorar 35 anos de casada e decidiu ficar no local pela "data especial". "Mas o salário de bióloga não paga isso, não. Estou aqui porque meu marido é advogado."
O sócio do hotel, Rogério Fasano, defende os móveis. "A gente queria fazer, ali, a maneira mais discreta de ir à praia. Os hotéis colocam cadeiras gigantescas, que ocupam um espaço gigantesco, e ainda pagam uma rodinha de samba para ficar ali... A gente não quer isso", diz.
"O hotel encaixou muito bem no Rio. Não é um espigão, como os outros hotéis. Quase não se nota a presença dele ali", diz Fasano, que tem um apartamento na cidade há sete anos e visita semanalmente o hotel.
Sob uma das barracas verdes, seguranças privados do hotel. A dupla de Cláudios (Roberto e Morais) faz a vigilância na areia para os hóspedes que pagam entre R$ 890 e R$ 5.300 por um dia no hotel. "Nunca tivemos problemas aqui", diz Roberto, ex-soldado da Aeronáutica.
Freqüentador da praia de Copacabana e da Barra da Tijuca, Roberto tem como "consultor em segurança" o barraqueiro Márcio de Oliveira Neves, 43. "É uma troca. Eles dão uma segurança para a área e nós apontamos os "ratos" [ladrões] que conhecemos", disse o barraqueiro, conhecido como Marcinho. Ele fornece caipirinha aos hóspedes na areia a R$ 5 (88,6% mais barata do que no Baretto/Londra, pub do hotel).
O atendente de praia do hotel Wagner Souza, 21, fez cursos de inglês, espanhol e salvamento. "Ainda não precisei cair na água para salvar ninguém. Mas Jean Todt [CEO da Ferrari] nada muito mal. Quase estreou o serviço", contou Souza.
"Eu não diria que se trata de um hotel mais paulista do que carioca. É uma rede de hotelaria exclusiva. É alguém que está pagando o dobro para ter tudo o que quiser. É diferente, por exemplo, de um Caesar Park [também na orla], cinco estrelas, que tem um atendimento ótimo, mas padronizado", diz o consultor sênior da BSH International, Alexandre Mota.


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