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Projeto reflete estilo carioca, mas com serviço "paulista"
DA SUCURSAL DO RIO
Desde o mobiliário até a fachada do prédio, todo o projeto
do arquiteto Philippe Starck
para o Hotel Fasano procurou
refletir o estilo de vida descontraído do carioca. Os freqüentadores do posto 8 de Ipanema,
porém, vêem uma "cara paulista" no serviço. As cadeiras de
madeira sobre a areia -compradas em Punta del Este, Uruguai- destoam das tradicionais
de alumínio. Com um encosto
menor, é difícil sentir conforto.
No lugar das cangas sobre a
areia, uma toalha de algodão
forra um colchão que, por sorte, ainda não queimou nenhum
cliente com o calor do sol.
"É um diferencial. Tem que
ter algo exclusivo", diz a bióloga
paulista Suzana Sendcz, traduzindo o ideal do Grupo Fasano.
Ela foi ao Rio comemorar 35
anos de casada e decidiu ficar
no local pela "data especial".
"Mas o salário de bióloga não
paga isso, não. Estou aqui porque meu marido é advogado."
O sócio do hotel, Rogério Fasano, defende os móveis. "A
gente queria fazer, ali, a maneira mais discreta de ir à praia. Os
hotéis colocam cadeiras gigantescas, que ocupam um espaço
gigantesco, e ainda pagam uma
rodinha de samba para ficar
ali... A gente não quer isso", diz.
"O hotel encaixou muito bem
no Rio. Não é um espigão, como
os outros hotéis. Quase não se
nota a presença dele ali", diz
Fasano, que tem um apartamento na cidade há sete anos e
visita semanalmente o hotel.
Sob uma das barracas verdes,
seguranças privados do hotel. A
dupla de Cláudios (Roberto e
Morais) faz a vigilância na areia
para os hóspedes que pagam
entre R$ 890 e R$ 5.300 por um
dia no hotel. "Nunca tivemos
problemas aqui", diz Roberto,
ex-soldado da Aeronáutica.
Freqüentador da praia de
Copacabana e da Barra da Tijuca, Roberto tem como "consultor em segurança" o barraqueiro Márcio de Oliveira Neves,
43. "É uma troca. Eles dão uma
segurança para a área e nós
apontamos os "ratos" [ladrões]
que conhecemos", disse o barraqueiro, conhecido como
Marcinho. Ele fornece caipirinha aos hóspedes na areia a R$
5 (88,6% mais barata do que no
Baretto/Londra, pub do hotel).
O atendente de praia do hotel
Wagner Souza, 21, fez cursos de
inglês, espanhol e salvamento.
"Ainda não precisei cair na
água para salvar ninguém. Mas
Jean Todt [CEO da Ferrari] nada muito mal. Quase estreou o
serviço", contou Souza.
"Eu não diria que se trata de
um hotel mais paulista do que
carioca. É uma rede de hotelaria exclusiva. É alguém que está
pagando o dobro para ter tudo o
que quiser. É diferente, por
exemplo, de um Caesar Park
[também na orla], cinco estrelas, que tem um atendimento
ótimo, mas padronizado", diz o
consultor sênior da BSH International, Alexandre Mota.
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