ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Até uns três anos atrás, José Dias Herrera, o Zezinho, era um dos fotógrafos mais antigos em atividade no país. Aos 86, ele ainda fazia pautas para a Prefeitura de Santos.
Foram mais de 60 anos de profissão, um acervo formado por cerca de 100 mil negativos e incontáveis histórias.
Um dos episódios mais marcantes -e tristes- que ele guardou na memória foi quando, nos anos 80, acompanhava o prefeito na inauguração de uma ala de cardiologia de um hospital. Num determinado momento, o prefeito sentiu-se mal e sofreu um infarto fulminante. Zezinho, naquele instante, abaixou a câmera.
Filho de um imigrante espanhol e vidraceiro, ele nasceu em São Paulo, mas bem cedo mudou-se para Santos. Aos 14 anos, teve o primeiro contato com a fotografia.
Por volta dos 17 anos, entrou para o jornalismo. Trabalhou nos periódicos "O Diário" e "A Tribuna". Desde então, registrou Getulio Vargas, Jânio Quadros, Luiz Carlos Prestes e um personagem recorrente, ainda em início de carreira: Pelé.
Segundo a filha Ilka, o pai foi o primeiro a fotografar o jogador. As fotos do casamento do rei estão entre as muitas de seu arquivo, doado para a Fundação Arquivo e Memória de Santos.
À filha dizia que, caso se aposentasse, morreria. Estava morando em Campinas e tinha um câncer, que não lhe foi revelado. Morreu anteontem, aos 89. Teve duas filhas, cinco netos e uma bisneta.

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