São Paulo, terça-feira, 19 de janeiro de 2010

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Plano barra benefício a pioneiro do plano de saúde

Juljan Czapski, 84, morreu em decorrência de tumor no cérebro sem conseguir home care

Bradesco Saúde diz que prestou a cobertura prevista no contrato; médico fundou, nos anos 1950, a 1ª empresa de medicina de grupo do país

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ele foi pioneiro dos planos de saúde no Brasil, ao fundar nos anos 1950 a primeira empresa de medicina de grupo do país.
Polonês, médico pela USP e com mais de meio século dedicado à área, Juljan Czapski morreu na semana passada, aos 84 anos, em desavença com o plano que o atendia.
Médicos, familiares e até amigos tentaram convencer a Bradesco Saúde, seu plano, a conceder-lhe o home care, atendimento personalizado em casa, que não estava em contrato. O benefício não saiu, e a família alega nunca ter recebido sequer uma resposta formal.
A seguradora diz que prestou a cobertura prevista contratualmente.
Czapski, que morreu na última terça em decorrência de um tumor no cérebro diagnosticado no meio do ano passado, tinha o plano pago pelo Sindhosp (sindicato dos hospitais paulistas), do qual era diretor.
Em novembro, ele foi internado no hospital Nove de Julho. No início de dezembro, o médico responsável pelo seu tratamento solicitou ao plano que o paciente tivesse o home care -foi um dos vários pedidos feitos pela equipe médica.
O benefício não foi dado.
A partir de então, a família diz ter contatado diversas vezes a Bradesco Saúde, para pedir o serviço. Segundo a filha Silvia, os funcionários da empresa evitaram responder por escrito. As conversas eram por telefone.
Até um amigo da família, o economista André Médici, consultor nos EUA do Banco Mundial na área de saúde, chegou a telefonar e enviar e-mails ao Bradesco, antes do Natal, na esperança de que concedessem o benefício. Não teve resposta.
Czapski não conseguia mais andar, tinha dificuldades para movimentar os braços e para falar. A família, então, custeou e montou em casa "um esquema tosco de home care", como descreve o filho Cláudio, que também é consultor de saúde.
"A curto prazo, eventualmente se economiza um trabalho de home care, mas o fato de ele ser negado acaba agravando a condição de vida do paciente e ele retorna ao sistema numa situação mais grave, que gera custos muito maiores", diz.
Segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), que controla os planos, não há a obrigatoriedade de que o home care esteja em contratos, mas, por livre negociação com os clientes, eles podem oferecê-lo.


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