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Filme de 70 retrata chuva, camelô e lixão
Mostra traz documentários que abordam problemas que ainda persistem na cidade
Superlotação em transporte coletivo e danos causados pelas chuvas são outros temas que também estarão nas telas da Cinemateca a partir de hoje
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Problemas do transporte coletivo, ambulantes irregulares,
catadores de lixo e danos causados pela chuva estão entre os
temas da mostra que a Cinemateca Brasileira começa a exibir
a partir de hoje.
São todos temas atuais abordados com profundidade pelo
cineasta João Batista de Andrade e outros integrantes do movimento Cinema de Rua. O único detalhe é que os documentários em curta-metragem foram
produzidos na década de 1970.
Os problemas são recorrentes. Em 1973, quando foi feito o
filme "Ônibus", a cidade tinha
7.000 veículos e o metrô engatinhava. Hoje são quatro linhas
de metrô, 15 mil ônibus e ainda
há superlotação.
Em 1975, ano do filme "Restos", mais de cem pessoas viviam de recolher lixo no chamado lixão da Raposo Tavares.
A cidade não tem mais lixão,
mas os catadores de lixo continuam nas ruas.
Em 1976, quando foi rodado
o filme "Ambulantes", a prefeitura não concedia licença de
trabalho para os camelôs, que
trabalhavam irregularmente.
Hoje, a cena se repete.
Em 1976, ano do documentário "Buraco da Comadre", uma
cratera de 160 metros de extensão e 4 de profundidade -que
persistia há 20 anos na Vila Medeiros (zona norte)- era o símbolo dos problemas causados
pelas chuvas. Mais ou menos
como ocorre hoje no Jardim
Pantanal (zona leste).
"É claro que os problemas
são recorrentes. Isso ocorre por
falta de planejamento e de
acompanhamento desse plano.
Plano não é uma coisa que você
faz e está pronto. Plano é processo", disse o arquiteto e urbanista Paulo Bastos.
História
Nos anos 1970, João Batista
de Andrade -prêmio Air France de diretor revelação por "Gamal. O Delírio do Sexo" (1969)-
começou a fazer documentários
para o programa "Hora da Notícia", da TV Cultura, criado pelos
jornalistas Fernando Jordão e
Vladimir Herzog.
Os documentários foram usados por partidos, associações de
moradores e igrejas em debates
clandestinos (o Brasil vivia o regime militar) e serviram de
ponto de partida para o movimento Cinema de Rua.
Parte desses documentários
foi restaurada pela Cinemateca,
que os exibe agora pela primeira vez em conjunto, para o aniversário de 456 anos de São
Paulo, comemorados na segunda. Também fazem parte da
mostra filmes sobre a cidade
desde a década de 1950.
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