São Paulo, quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Perda com turismo chega a R$ 50,4 mi

Hotéis perdem 95% das reservas de janeiro; recuperação para receber turistas deve ocorrer só na temporada de inverno

Firjan estima prejuízo de R$ 153,4 mi, se forem somadas as perdas da indústria regional com produção e estoques

PEDRO SOARES
DO RIO
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS

Devastadas, as cidades da região serrana do Rio sofreram o esvaziamento de uma de suas principais atividades econômicas, o turismo: 95% das reservas até o fim de janeiro foram canceladas e 80% até o final do verão.
O setor contabiliza perdas de R$ 50,4 milhões só em faturamento dos hotéis e estima que a região só se recuperará completamente para receber turistas na temporada de inverno, no meio do ano.
O pior prognóstico é para o centro de Nova Friburgo. A maior atração, o teleférico, foi danificada, e hotéis tiveram desabamentos ou estão com o acesso comprometido.
"O maior problema é restabelecer a confiança do turista. Petrópolis e Teresópolis estão melhor e já dá para vender pacotes para o Carnaval. Mas Friburgo só estará preparada em julho", diz Alfredo Lopes, presidente da Abih-Rio (Associação Brasileira da Indústria Hoteleira).
Dono do teleférico e de um complexo turístico, Rodolfo Acri diz que suas perdas podem chegar a R$ 7 milhões se tiver de reconstruir o hotel, que ruiu parcialmente. "Só vou fazer as obras no teleférico e no hotel se tiver financiamento do BNDES."
Cidade que mais recebe turistas da região, Petrópolis diz ter registrado poucos casos de hotéis sem acesso.
Já Teresópolis diz que a região central e as áreas turísticas não foram prejudicadas. Diz que 74% da rede hoteleira já funciona normalmente.
Segundo Nilo Sérgio Félix, presidente da estatal TurisRio, a prioridade é dar assistências às vítimas e reconstruir vias e acessos. Só depois disso, diz, será feita campanha para atrair turistas.

TEMPORADA VAZIA
O clima era de desolação no hotel Vila Verde, um conjunto de 40 chalés de luxo em Nova Friburgo. Segundo a dona, Ana Lúcia Venturino Nassif, o local foi saqueado pelos próprios hóspedes na semana passada. "Só faço chorar. O hotel existe há 25 anos e nunca havia acontecido nada aqui antes, nem crime nem enchente", diz.
A perda também veio com o cancelamento de reservas, como uma convenção do Banco do Brasil programada para esta semana.
"A alta temporada é agora. Com essa destruição toda, não sabemos se o turismo vai voltar. O brasileiro esquece rápido, essa é a nossa esperança", afirma Ana Lúcia.
A alguns quilômetros dali, o hotel São Moritz, em Teresópolis, não foi destruído, mas ficou inacessível, suspendeu as reservas e virou um abrigo para 50 moradores desalojados.
Os restaurantes de Teresópolis também já sentem a queda do movimento de turistas após o temporal. O Enkai, de cozinha japonesa, demitiu os seus seis funcionários. Todo o serviço no estabelecimento agora é feito pela dona, Andréia Pires, o marido e os dois filhos.

INDÚSTRIA
Os prejuízos, porém, não se restringem ao turismo. A Firjan, a federação das indústrias do Estado, calcula perdas de R$ 153,4 milhões na produção, em matéria-prima e produtos estocados.
Segundo a entidade, 62% das indústrias sofreram com falta de energia, alagamentos, problemas de acesso, escoamento da produção e falta de funcionários.
O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, anunciou ontem em Nova Friburgo a criação de linha de crédito para que indústria e comércio se recuperem.
O governo federal também prorrogou os prazos para o pagamento de tributos federais e suspendeu os prazos de atos processuais da Receita Federal para os contribuintes dos municípios afetados: Areal, Bom Jardim, Nova Friburgo, Petrópolis, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro e Teresópolis.


Texto Anterior: A cidade é sua
Próximo Texto: Banco Mundial vai emprestar US$ 485 milhões
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.