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Policiais do antigo Dops reconheceram fotografia do suspeito
Argentino foragido é identificado como sequestrador
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
A polícia de São Paulo identificou ontem o argentino Alberto
Galvalis, 49, como sendo o estrangeiro chamado de Gringo na quadrilha do sequestrador Pedro Ciechanovicz, 48, cuja prisão na semana passada determinou a libertação do fazendeiro João Bertin, 82, após 15 dias de cativeiro.
As fotos do suspeito foragido,
divulgadas anteontem pelo Denarc (Departamento Estadual de
Investigações sobre Narcóticos),
que centraliza a investigação, foram reconhecidas por policiais civis que trabalharam no extinto
Dops (Departamento de Ordem
Política e Social) nos anos 80 e que
já o tinham investigado.
A imagem da ficha prisional do
argentino, que cumpriu pena na
Casa de Detenção de São Paulo e
no presídio de Piraquara (PR), de
82 a 96, confirmou que Gringo e o
fugitivo eram a mesma pessoa.
Galvalis foi preso em fevereiro
de 82, com outras cinco pessoas
-três argentinos, um português
e um brasileiro-, acusados do
sequestro de Fernando Vitorio
Caetano, filho do proprietário de
um frigorífico paulista. Condenados a 18 anos de prisão por dois
sequestros, três deles fugiram.
""Lembrei que os métodos daquela quadrilha eram muito parecidos com a do Ciechanovicz e
mandei fazer uma pesquisa", afirmou o delegado Everardo Tanganelli, do Denarc, responsável pelo
caso. Em 82, quando era investigador ainda, Tanganelli participou da prisão de Galvalis.
No presídio de Piraquara, no
Paraná, o argentino teria conhecido Ciechanovicz. Segundo a polícia, os dois estão no topo da hierarquia da quadrilha descoberta,
que funcionava como ""células
terroristas", como agem organizações de guerrilha.
A polícia ainda não sabe se os
antigos parceiros do argentino
ainda o acompanham. O grupo de
Ciechanovicz e Gringo é acusado
de oito sequestros. Entre as vítimas estão Girsz Aronson, das lojas G. Aronson, Abraão Zarzur,
acionista da Ripasa S/A, e Roberto
Benito Júnior, das Lojas Cem.
Ontem, a polícia informou que
as digitais de Galvalis foram achadas nos bilhetes que a família de
Benito Júnior recebeu na negociação do resgate, de acordo com o
IIRGD (Instituto de Identificação
Ricardo Gumbleton Daunt).
Nomes de antigos parceiros de
Galvalis, como Juan Batista Mangussi, foram citados como suspeitos nos principais sequestros da
década de 80, como o do publicitário Luiz Sales, libertado em 89
após pagamento de resgate. Na
época, o então ministro da Justiça,
Saulo Ramos, revelou que a Argentina havia alertado o governo
brasileiro sobre o deslocamento
de um quadrilha de sequestradores daquele país para o Brasil.
Segundo o delegado Ivaney
Cayres de Souza, diretor do Denarc, ainda não se sabe se Ciechanovicz e Galvalis têm ligação com
organizações de guerrilha, como
no caso dos sequestros do empresário Abílio Diniz, na década de
80, e do publicitário Washington
Olivetto, no ano passado.
A polícia paulista pediu informações ao governo argentino, enquanto procura o sequestrador
em São Paulo. A ABIN (Agência
Brasileira de Inteligência) deve
ajudar na investigação.
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