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São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 2003

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Policiais do antigo Dops reconheceram fotografia do suspeito

Argentino foragido é identificado como sequestrador

ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia de São Paulo identificou ontem o argentino Alberto Galvalis, 49, como sendo o estrangeiro chamado de Gringo na quadrilha do sequestrador Pedro Ciechanovicz, 48, cuja prisão na semana passada determinou a libertação do fazendeiro João Bertin, 82, após 15 dias de cativeiro.
As fotos do suspeito foragido, divulgadas anteontem pelo Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos), que centraliza a investigação, foram reconhecidas por policiais civis que trabalharam no extinto Dops (Departamento de Ordem Política e Social) nos anos 80 e que já o tinham investigado.
A imagem da ficha prisional do argentino, que cumpriu pena na Casa de Detenção de São Paulo e no presídio de Piraquara (PR), de 82 a 96, confirmou que Gringo e o fugitivo eram a mesma pessoa.
Galvalis foi preso em fevereiro de 82, com outras cinco pessoas -três argentinos, um português e um brasileiro-, acusados do sequestro de Fernando Vitorio Caetano, filho do proprietário de um frigorífico paulista. Condenados a 18 anos de prisão por dois sequestros, três deles fugiram.
""Lembrei que os métodos daquela quadrilha eram muito parecidos com a do Ciechanovicz e mandei fazer uma pesquisa", afirmou o delegado Everardo Tanganelli, do Denarc, responsável pelo caso. Em 82, quando era investigador ainda, Tanganelli participou da prisão de Galvalis.
No presídio de Piraquara, no Paraná, o argentino teria conhecido Ciechanovicz. Segundo a polícia, os dois estão no topo da hierarquia da quadrilha descoberta, que funcionava como ""células terroristas", como agem organizações de guerrilha.
A polícia ainda não sabe se os antigos parceiros do argentino ainda o acompanham. O grupo de Ciechanovicz e Gringo é acusado de oito sequestros. Entre as vítimas estão Girsz Aronson, das lojas G. Aronson, Abraão Zarzur, acionista da Ripasa S/A, e Roberto Benito Júnior, das Lojas Cem.
Ontem, a polícia informou que as digitais de Galvalis foram achadas nos bilhetes que a família de Benito Júnior recebeu na negociação do resgate, de acordo com o IIRGD (Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt).
Nomes de antigos parceiros de Galvalis, como Juan Batista Mangussi, foram citados como suspeitos nos principais sequestros da década de 80, como o do publicitário Luiz Sales, libertado em 89 após pagamento de resgate. Na época, o então ministro da Justiça, Saulo Ramos, revelou que a Argentina havia alertado o governo brasileiro sobre o deslocamento de um quadrilha de sequestradores daquele país para o Brasil.
Segundo o delegado Ivaney Cayres de Souza, diretor do Denarc, ainda não se sabe se Ciechanovicz e Galvalis têm ligação com organizações de guerrilha, como no caso dos sequestros do empresário Abílio Diniz, na década de 80, e do publicitário Washington Olivetto, no ano passado.
A polícia paulista pediu informações ao governo argentino, enquanto procura o sequestrador em São Paulo. A ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) deve ajudar na investigação.


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