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EDUCAÇÃO
Juiz determina matrícula de excluído que ficou entre os 110 primeiros para direito; ministro vê problemas no sistema
Sai a 1ª liminar contra o vestibular de cotas
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Saiu ontem a primeira liminar
contra o vestibular com reserva
de vagas da Uerj (Universidade
do Estado do Rio de Janeiro).
O juiz Renato Rocha Braga, da
3ª Vara da Fazenda Pública, determinou que o estudante Nino
Donato Oliva, 17, seja aceito na
universidade. Ele tentou uma vaga para o curso de direito e não estava incluído na cota de 50% para
alunos da rede pública nem na de
40% para negros ou pardos.
Por causa disso, ele -um dos
110 primeiros candidatos às 304
vagas- perdeu a vaga.
A Uerj não se pronunciará até
ser oficialmente informada da decisão, o que não tinha ocorrido
até o final da tarde de ontem.
Além de Oliva, outros estudantes que ficaram de fora por causa
do critério de cotas já entraram na
Justiça contra a Uerj.
O caso de Bruno Gomes, 25, é
curioso. Ele ficou na 144ª classificação e, mesmo sem as cotas, não
conseguiria a vaga em medicina.
Seu advogado sustenta, no entanto, que ele tem direito à vaga porque alguns candidatos com nota
inferior à dele foram aprovados
graças às cotas.
Ricardo Leite, 18, que diz ter feito 92,5 pontos sobre 110, ficou em
23ª lugar para medicina, mas perdeu uma das 92 vagas por não estar incluído em nenhum critério
de reserva de vagas.
A Defensoria Pública do Estado
está atendendo estudantes que
tentam garantir na Justiça a aprovação no vestibular. A lei que
obrigou a Uerj a estabelecer cotas
foi aprovada em 2001.
Embora favorável às cotas para
negros, o ministro da Educação,
Cristovam Buarque, disse ontem
que a medida "não é adequada do
ponto de vista social" porque não
garante o acesso de estudantes carentes à universidade.
"Cotas para negros não beneficiam pobres. Beneficiam os negros que terminam o ensino médio, que, em geral, não são pobres", disse o ministro. Para ele, as
cotas "ajudam a mudar a cor da
universidade, não a classe social".
Em abril, o CNE (Conselho Nacional de Educação) fará uma audiência pública para debater a política de cotas, uma das propostas
de campanha de Luiz Inácio Lula
da Silva. Segundo o presidente do
CNE, José Carlos Almeida, na
reunião serão analisadas as experiências da Uerj e da Uneb (Universidade Estadual da Bahia).
A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura) defende que a
falta de critérios no regime de cotas não invalida sua aplicação.
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