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SEGURANÇA
Governo diz que não tem como deixá-lo detido sem sistema rigoroso, como mandou Justiça; RJ recorrerá contra transferência
SP mantém Beira-Mar em "regime duro"
ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo de São Paulo não
cumpriu ontem a ordem da Justiça que determina a remoção do
traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, para um presídio paulista sem o
RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) até que ele seja transferido para o Rio de Janeiro.
A ordem foi dada na última terça-feira pela 3ª Câmara Criminal
do Tribunal de Justiça do Estado
de São Paulo, que resolveu conceder um habeas corpus ao traficante, mesmo sem que os advogados
dele o tivessem pedido.
A Secretaria da Administração
Penitenciária foi notificada da decisão no início da noite de anteontem, com a determinação de que a
remoção ocorresse "imediatamente". Mas, até o fechamento
desta edição, Beira-Mar continuava no presídio de Presidente Bernardes, onde vigora o RDD.
Esse regime impõe aos presos
normas mais rígidas de comportamento, com restrição a visitas,
redução do horário de banho de
sol e proibição de acesso a televisores, aparelhos de rádio, jornais
e revistas, entre outras limitações.
A secretaria informou que Beira-Mar é um preso perigoso e que
sua transferência requer uma série de procedimentos de segurança, que não podem ser adotados
de um dia para o outro. Em nota,
a secretaria afirmou que "São
Paulo não tem condições de abrigá-lo em uma unidade comum".
Transferência
A pedido dos advogados do traficante, o tribunal também determinou que ele seja transferido para um presídio no Rio de Janeiro.
O governo paulista pediu que a
Secretaria da Administração Penitenciária fluminense indicasse o
presídio para o qual o traficante
deveria ser levado. A resposta só
foi recebida ontem à tarde.
Em ofício, o secretário Astério
Pereira dos Santos informou ao
seu colega de São Paulo, Nagashi
Furukawa, que não indicaria presídio porque a decisão "não produz eficácia" no Rio de Janeiro.
Disse ainda que vai aguardar
manifestação do STJ (Superior
Tribunal de Justiça) sobre um recurso que o governo fluminense
apresentará contra a decisão. Ao
receber a manifestação, Furukawa pediu ao Ministério da Justiça
que indique o local para o qual
Beira-Mar deve ser levado.
O recurso fluminense contra a
decisão paulista deverá ser apresentado hoje em Brasília pelo procurador-geral de Justiça do Rio,
Antônio Vicente da Costa Júnior.
Rio de Janeiro
O secretário Astério Pereira dos
Santos afirma que, enquanto o
STJ não julga o recurso, a entrada
do traficante no Rio de Janeiro
não será permitida. Ele alega que
uma decisão da Justiça paulista
não tem efeito em outro Estado.
Ele não descarta a possibilidade
de o STJ determinar a transferência do traficante para seu Estado e
diz que, se isso ocorrer, o Rio de
Janeiro tem condições técnicas
para custodiá-lo no presídio de
segurança máxima Bangu 1.
Foi nesse presídio que Beira-Mar, ao lado de integrantes do CV
(Comando Vermelho), liderou
rebelião com quatro rivais mortos, em 11 de setembro de 2002.
"Hoje, temos presos mais perigosos que o Beira-Mar em nossos
presídios e temos condições de ficar com ele. O problema é que os
maiores tentáculos da organização criminosa dele estão justamente aqui. Facilitaria qualquer
ação dele", disse o secretário.
A diferença entre as verbas recebidas por São Paulo e Rio do Fundo Nacional Penitenciário é ainda
outro argumento utilizado pelo
secretário para manter o traficante em Presidente Bernardes. Segundo ele, o Estado de São Paulo
tem recebido as maiores verbas.
Em 2002, o governo paulista recebeu cerca de R$ 77 milhões -o
Rio teve só R$ 7 milhões. Em 2001,
São Paulo recebeu R$ 114 milhões,
enquanto o Rio, R$ 13 milhões.
Ele diz que os ministros Márcio
Thomaz Bastos (Justiça) e José
Dirceu (Casa Civil) assumiram o
compromisso com a governadora
Rosinha Garotinho de que Beira-Mar não voltaria mais para o Rio.
Colaborou a Sucursal do Rio
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