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Para o governo, decisão não muda
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal avalia como
inevitável a transferência de Beira-Mar para um presídio no Rio
de Janeiro. Internamente, advogados da União também consideram muito difícil derrubar a decisão do Judiciário paulista no STJ
(Superior Tribunal de Justiça), última instância de decisão.
Oficialmente, o governo não fala sobre o caso.
Os advogados de Beira-Mar
conseguiram a transferência com
base no argumento de que o traficante responde a sete processos
no Rio de Janeiro. Pela lei, o réu
deve se apresentar fisicamente ao
juiz para responder às acusações,
daí a necessidade de transferir
Beira-Mar para o Rio de Janeiro.
Como as alegações dos advogados se baseiam em um preceito
constitucional (o direito de defesa), são mínimas as chances, avaliam membros do governo, de a
decisão paulista ser reformada.
O Ministério da Justiça acompanha o desenrolar da briga judicial
à distância, conversando com os
secretários de Administração Penitenciária dos dois Estados.
Quando Beira-Mar foi transferido para São Paulo, o ministro da
Justiça, Márcio Thomaz Bastos,
afirmou que a remoção aconteceu
com o consentimento do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
O traficante permaneceria no
Estado enquanto não estivesse
pronto o primeiro presídio federal do país. Até hoje, nenhuma
das cinco unidades, prometidas
por Bastos em fevereiro do ano
passado, saiu do papel.
Antes mesmo de Beira-Mar voltar para Presidente Bernardes, o
ministro já costumava dizer a interlocutores que a transferência
era solução "de médio prazo".
Não havia, como não há até hoje,
previsão legal para que o traficante seja mantido em RDD (Regime
Disciplinar Diferenciado).
Com essa certeza, o ministério
tentava agilizar a construção dos
presídios federais, mas esbarrou
na resistência de prefeitos e membros do Ministério Público, que
questionaram a ausência de estudos de impacto ambiental para as
obras. A primeira unidade será
construída em Campo Grande.
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