São Paulo, terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

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Sócios do Paulistano criam movimento para evitar fim de "fundão" em piscina

LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REDAÇÃO

A reforma em uma piscina do clube Paulistano, no Jardim América, um dos mais caros de São Paulo (para se associar, há uma taxa de R$ 150 mil), está causando polêmica entre os sócios. Inaugurada há mais de 50 anos, a piscina está com problemas, como vazamento -de cerca de 10 mil litros de água por hora, o equivalente a um caminhão-pipa- e, segundo a diretoria, a maneira mais econômica de reformá-la é diminuindo a sua profundidade, medida a que a maioria dos sócios se opõe.
No ponto mais fundo, a piscina conhecida por seu formato de coração tem 4,10 metros. Estudos sobre a reforma prevêem que a profundidade máxima seja de 2 metros. "Onde ela é mais profunda é porque tinha um trampolim. Tirou o trampolim, não há necessidade [dos 4,10 m]", diz o presidente do clube, José Manuel Castro Santos.
Outro argumento que ele utiliza é o custo, caso a piscina, desenhada pelo arquiteto Gregori Warchavchik, continue com os 4,10 metros. "Se diminuir o volume de água, diminuem gastos com limpeza." Santos disse não saber quanto representaria essa economia em reais. A obra que prevê a redução da profundidade está orçada em R$ 1,5 milhão.
"Queremos uma piscina moderna. Esteticamente, vai ficar igualzinha", diz o presidente.
Contra "o fim do fundão", a tradutora Gisella Halim anda pelo clube com um abaixo-assinado, que já tem mais de mil assinaturas -o Paulistano tem cerca de 25 mil sócios. "Além do valor histórico, por ser um patrimônio, tem um valor sentimental. Todos os sócios têm uma história com o fundão. Quando você conseguia pôr o pé no chão, se sentia o rei da cocada preta." E completa: "Ela é única. Se mudarem, vai ficar como qualquer outra".
Para o arquiteto Fernando Dabdab, membro da comissão criada para discutir as mudanças, a reforma é necessária, "mas a questão é a forma como ela vai ser feita". "Acho que um metro a menos, tudo bem. Mas tinha que ter pelo menos três metros no fundão. Dois metros descaracterizaria muito."
Santos diz que isso não vai ocorrer -para que a redução do "fundão" não seja aparente, os estudos sugerem o uso de azulejos em dégradé. "Você nem sabe se é fundo ou raso."
"A opinião dos sócios é sempre considerada. Agora, entre a opinião de leigos e a de técnicos, uma diretoria fica com qual? Não somos uns irresponsáveis que vamos desfigurar o clube. Vamos fazer o que for melhor."
Pela principal comunidade dos sócios no Orkut, eles planejam um "mergulhão": após um abraço ao redor da piscina, eles pulariam para protestar -ou para "se despedir".


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