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Sócios do Paulistano criam movimento para evitar fim de "fundão" em piscina
LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REDAÇÃO
A reforma em uma piscina
do clube Paulistano, no Jardim América, um dos mais caros de São Paulo (para se associar, há uma taxa de R$ 150
mil), está causando polêmica
entre os sócios. Inaugurada há
mais de 50 anos, a piscina está
com problemas, como vazamento -de cerca de 10 mil litros de água por hora, o equivalente a um caminhão-pipa-
e, segundo a diretoria, a maneira mais econômica de reformá-la é diminuindo a sua
profundidade, medida a que a
maioria dos sócios se opõe.
No ponto mais fundo, a piscina conhecida por seu formato de coração tem 4,10 metros.
Estudos sobre a reforma prevêem que a profundidade máxima seja de 2 metros. "Onde
ela é mais profunda é porque
tinha um trampolim. Tirou o
trampolim, não há necessidade [dos 4,10 m]", diz o presidente do clube, José Manuel
Castro Santos.
Outro argumento que ele
utiliza é o custo, caso a piscina,
desenhada pelo arquiteto Gregori Warchavchik, continue
com os 4,10 metros. "Se diminuir o volume de água, diminuem gastos com limpeza."
Santos disse não saber quanto
representaria essa economia
em reais. A obra que prevê a redução da profundidade está
orçada em R$ 1,5 milhão.
"Queremos uma piscina moderna. Esteticamente, vai ficar
igualzinha", diz o presidente.
Contra "o fim do fundão", a
tradutora Gisella Halim anda
pelo clube com um abaixo-assinado, que já tem mais de mil
assinaturas -o Paulistano tem
cerca de 25 mil sócios. "Além
do valor histórico, por ser um
patrimônio, tem um valor sentimental. Todos os sócios têm
uma história com o fundão.
Quando você conseguia pôr o
pé no chão, se sentia o rei da
cocada preta." E completa:
"Ela é única. Se mudarem, vai
ficar como qualquer outra".
Para o arquiteto Fernando
Dabdab, membro da comissão
criada para discutir as mudanças, a reforma é necessária,
"mas a questão é a forma como
ela vai ser feita". "Acho que um
metro a menos, tudo bem. Mas
tinha que ter pelo menos três
metros no fundão. Dois metros descaracterizaria muito."
Santos diz que isso não vai
ocorrer -para que a redução
do "fundão" não seja aparente,
os estudos sugerem o uso de
azulejos em dégradé. "Você
nem sabe se é fundo ou raso."
"A opinião dos sócios é sempre considerada. Agora, entre
a opinião de leigos e a de técnicos, uma diretoria fica com
qual? Não somos uns irresponsáveis que vamos desfigurar o clube. Vamos fazer o que
for melhor."
Pela principal comunidade
dos sócios no Orkut, eles planejam um "mergulhão": após
um abraço ao redor da piscina,
eles pulariam para protestar
-ou para "se despedir".
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