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Câmara proíbe calouro de pedir "esmola" em trote
Penas previstas vão de multas de até R$ 20 mil a cancelamento de matrícula
Texto também obriga universidade a punir autor mesmo em atos fora de suas dependências; proposta vai para votação no Senado
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em votação simbólica, a Câmara dos Deputados aprovou
ontem projeto de lei que disciplina a prática do trote em universidades, vetando atos violentos. Pelo texto, que vai para
votação do Senado, ficam proibidas atividades que ofendam a
integridade física, moral ou psicológica e que constranjam ou
exponham de forma vexatória
os novos alunos.
É vetado ainda pedido de
doação de bens ou dinheiro pelos calouros -salvo quando
destinados a entidades de assistência social-, como ocorre
normalmente nos cruzamentos, onde os novatos são obrigados pelos veteranos a pedir dinheiro para bancar o consumo
de bebidas alcoólicas.
A proposta também obriga as
instituições a abrirem processo
disciplinar contra os alunos
que organizarem esse tipo de
trote, ainda que os atos sejam
praticados fora de suas dependências. As penas, regidas por
atos normativos de cada instituição, vão de multas de até
R$ 20 mil até cancelamento e
impedimento de matrícula na
universidade por um ano.
O relator do texto, Flávio Dino (PCdoB-MA), lembra que
outras práticas que impliquem
constrangimento ilegal já são
previstas no Código Penal, com
penas de detenção (de três meses a um ano ou multa).
Pelo texto aprovado, as sanções determinadas pelas instituições serão comunicadas ao
Ministério Público, que será
responsável pelo exame da responsabilidade penal.
Outro ponto ressalta que caberá às instituições criar um calendário de eventos para recepcionar novos alunos, visando à
integração na universidade. As
atividades não poderão ter duração superior a 20 horas.
Embora houvesse projetos
sobre o assunto na Câmara desde 1995, o texto foi aprovado às
pressas como resposta a casos
que ganharam repercussão nacional, como o da caloura grávida que teve queimaduras durante trote no interior paulista.
Alguns deputados criticaram
a votação. Miro Teixeira (PDT-RJ) afirmou que ela ocorreu
apenas para dar uma resposta à
sociedade e deveria ter havido
um debate maior sobre o tema.
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