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Por Nova Luz, Estado libera reforma em prédios tombados
Para aumentar interesse imobiliário por revitalização, edifícios da Santa Ifigênia protegidos desde 1986 poderão ter mudanças
Três prédios devem continuar intactos, 13 podem ser demolidos e 83 precisam manter apenas fachada, cobertura ou algum elemento
Tuca Vieira/Folha Imagem
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O palacete Lellis, erguido nos anos 1920 na rua Santa Ifigênia, poderá ter estrutura alterada
EVANDRO SPINELLI
LETÍCIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Construído na década de
1920, o palacete Lellis, na esquina das ruas Santa Ifigênia e
Aurora, hoje está degradado e
foi transformado em cortiço.
Preservado pelo patrimônio
histórico desde 1986, ninguém
podia alterar sua estrutura arquitetônica, o que desmotivava
empresas interessadas em explorá-lo comercialmente.
Esse prédio é um exemplo da
situação de deterioração em
que se encontra a região da
cracolândia, que a Prefeitura de
São Paulo pretende revitalizar,
tornando-a Nova Luz.
A partir de agora, por decisão
do Condephaat (conselho estadual do patrimônio histórico),
o imóvel poderá ser completamente alterado desde que sua
fachada seja mantida intacta.
Antes, qualquer alteração deveria ser aprovada pelo órgão.
Agora, em vez de 99 imóveis
preservados, são 86. Três permanecem totalmente protegidos; antes eram 48. E 83 precisam manter intactos apenas fachadas, coberturas e alguns elementos arquitetônicos; em
1986, eram 51.
Os outros 13 foram excluídos
da lista de tombamento. A ideia
da prefeitura é transferir à iniciativa privada o direito de desapropriar os imóveis, demoli-los e construir novos prédios.
A decisão do Condephaat
tem relação com a proposta da
prefeitura de revitalizar a área.
"A cidade de São Paulo tem um
dinamismo econômico e urbano. Não cabe ao patrimônio
histórico impedir. Pelo contrário, ele deve estabelecer regras
que contribuam para o desenvolvimento", diz Rovena Negreiros, presidente do órgão.
Para a historiadora Maria
Cecíclia Naclério Homem, professora aposentada da FAU e do
Instituto de Estudos Brasileiros da USP, a revisão do tombamento é positiva.
"Acho válido preservar a fachada e fazer construções mais
modernas dentro. O conjunto é
que é importante", diz. "Esse
processo foi muito usado em
Paris e deu certo."
A revisão do tombamento do
bairro começou em 2008 e acabou em junho de 2009, mas só
se tornou pública na semana
passada, com a publicação no
"Diário Oficial" do Estado de
uma notificação aos donos.
Para entrar em vigor, as mudanças ainda precisam ser homologadas pelo secretário de
Estado da Cultura, João Sayad.
A revisão dos tombamentos
do bairro foi feita a pedido da
prefeitura assim que Sayad assumiu a pasta, no início da gestão José Serra (PSDB), em
2007. O argumento era que a
preservação dos imóveis poderia inviabilizar o projeto de revitalização, a ser feito pela iniciativa privada.
O tombamento pelo patrimônio histórico já causou problemas para o próprio governo.
No ano passado, a CDHU
(Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano),
órgão estadual, teve dificuldades para aprovar o projeto de
novos prédios residenciais que
já fazem parte do plano de revitalização. O projeto só foi aprovado após mudanças exigidas
pelo Condephaat.
O programa de revitalização
do bairro não está pronto. A licitação para escolher o escritório de arquitetura que fará o
projeto urbanístico está em andamento. O objetivo da prefeitura é concluir a concorrência
no mês que vem.
A partir daí, o escritório terá
dez meses para concluir o projeto, que vai detalhar que tipo
de empreendimento pode ser
feito no bairro e em qual lugar.
Só então será feita concorrência para escolher a empresa que
fará a desapropriação e a demolição dos imóveis e as obras.
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