São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 2011

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Do cigarro ao crack, garotos buscam afirmação

Jovens internados na clínica pública narram caminho para o vício e esforço de reabilitação

DE SÃO PAULO

As histórias se repetem. Para ganhar autoconfiança e fazer sucesso com as meninas, eles imitam colegas e começam a fumar muito cedo. Logo, a curiosidade os leva a experimentar outras drogas.
"Todo mundo tava fumando e fui na onda. Queria ser descolado na escola. Depois o pessoal começou a fumar maconha e eu quis experimentar. Depois de dois meses, conheci a cocaína e virei biqueiro [que vende drogas recebidas do traficante]", conta Paulo, 15, usuário de drogas desde os 12 anos.
Em dezembro de 2010, ele conheceu o crack. "Comecei a ficar incontrolável. Usava umas 13, 14 pedras por dia. Cheguei a ficar dois dias dormindo nas ruas."
No ano passado, passou por duas internações. "Foi horrível. Num hospital psiquiátrico, só tinha louco. E numa clínica, só pinguço. Aqui é melhor, todos da mesma idade", diz ele.
Com Anselmo, 16, na clínica há um mês e meio, não foi diferente. "Tinha medo de chegar nas "minas" e quis me juntar à turma dos descolados. Tinha 12 anos. Começamos com cigarro. Depois, todas as quintas e sextas a gente fumava maconha. Aos 13, comecei a beber e a cheirar."
Aos 15 anos, ele começou a furtar dinheiro dos pais para comprar crack. Depois, Anselmo passou a vender a droga para sustentar o vício.
"Ficava três, quatro dias, até uma semana na rua. Valia o quanto tinha no bolso. Fiquei na pior. Comecei a botar na cabeça que precisava de recuperação. Eu já até tinha esquecido meu sonho de ser engenheiro civil. Agora vou correr atrás."
Os nomes desta reportagem foram trocados para preservar os adolescentes. (CC)


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