São Paulo, Sexta-feira, 19 de Fevereiro de 1999
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Números não são confiáveis

da Redação

Um exemplo da falta de confiabilidade dos números da violência no Rio de Janeiro foi revelado pela Folha no ano passado.
Até novembro de 1998, a Secretaria da Segurança Pública do Rio não incluía nas estatísticas de homicídios do Estado as mortes praticadas por policiais .
Entre 1º de janeiro e 4 de novembro do ano passado, 599 pessoas haviam sido mortas pela polícia carioca -e todas essas mortes foram classificadas como autos de resistência, não como homicídios.
Feito geralmente pela Polícia Militar, o registro na delegacia é classificado como auto de resistência, o que significa que houve reação armada por parte da vítima, que, em razão do ataque aos policiais, foi morta.
Isso significa que todas as 599 vítimas policiais, sem exceção, atacaram os policiais a tiros e morreram no confronto.
O rótulo auto de resistência, implica, na maioria das vezes, impunidade para os policiais envolvidos nas mortes, porque os casos acabam sendo arquivados sem ir a julgamento.
A secretaria afirmou que a classificação não era feita para omitir a quantidade real de mortes ocorridas no Estado, mas consequência de uma rotina operacional.
As estatísticas, disse a secretaria, eram feitas com base nos registros das delegacias. As delegacias, por sua vez, forneciam separadamente as listas de homicídios e de autos de resistência e os números não eram somados.


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