São Paulo, Sexta-feira, 19 de Fevereiro de 1999
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Ossos dão lugar a novo corpo

OTAVIO DIAS DE OLIVEIRA
repórter fotográfico

A estudante Madalene Fagundes, 20, assistiu acompanhada da mãe, Hilda Fagundes, 44, a sepultura de seu irmão ser transformada em uma nova cova do Cemitério São Luiz.
Seu irmão tinha 17 anos quando morreu, há mais de seis anos, vítima da PM, segundo Madalene.
"Ele nunca tinha ido preso, mas, segundo a PM, ele teria reagido. Acho que foi uma grande injustiça", disse Hilda.
A administração do cemitério decidiu exumar (tirar da sepultura) os ossos, que foram transferidos para uma das gavetas do ossuário que ocupa quase todo o muro do São Luiz.
Depois que os ossos foram retirados da sepultura, Madelene e a mãe ficaram observando os restos mortais do parente, que foram postos em um saco plástico azul com o logotipo do Serviço Funerário do Município de São Paulo.
"Poxa, ele era grande e cabe todo só num saquinho", disse Madalene, enquanto segurava e observava atentamente o crânio do irmão, que foi posto junto com os demais ossos.
Minutos depois, os funcionários do cemitério terminaram de remover a terra da sepultura, que deveria ser usada para um novo enterro até o fim de semana, muito provavelmente de outra vítima da violência.


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