Ela falou à CPI em Catanduva; Justiça revoga mandado de prisão de duas pessoas

ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO, EM CATANDUVA

Dois fatos mobilizaram ontem o primeiro dia de audiências da CPI da Pedofilia em Catanduva (SP). Primeiro, a delegada Rosana Vanni admitiu aos senadores ter cometido "falha grave" ao avisar o advogado de um dos suspeitos sobre a busca de um computador na casa do cliente dele -apontada por parte das crianças como cenário de alguns abusos. Até segunda-feira, ela presidia o inquérito sobre uma suposta rede de pedofilia na cidade -a suspeita é que 40 crianças tenham sido vítimas de abuso.
Segundo, o Tribunal de Justiça de SP acatou os pedidos de revogação das prisões temporárias do médico Wagner Gonçalves e do empresário José Emmanuel Diogo, foragidos. Ambos foram baseados em falta de provas. O anúncio revoltou o plenário da Câmara local.
O senador Magno Malta (PR-ES), presidente da CPI, classificou a revogação de "vergonha".
Os dois suspeitos continuam convocados pela CPI para depor hoje com os outros seis acusados e as vítimas.
Já a delegada Vanni admitiu que sua falha foi grave, mas disse que não agiu com má-fé. "Poderia ter esperado pelo advogado na porta da casa [onde mora o médico Wagner Gonçalves]. Do jeito que fiz, ele pode ter avisado seu cliente pelo celular. Foi um erro infantil."
A busca foi em 18 de fevereiro. Quando chegou à casa do médico, a delegada não encontrou a CPU do computador, embora modem, monitor e estabilizador estivessem ligados.
A Corregedoria da Polícia Civil abriu processos para apurar a atuação das duas delegadas -a outra é Maria Cecília Sanches, que não convocou dois suspeitos para depor quando estava à frente do caso.
Ontem, pai e mãe de três crianças abusadas também contaram as histórias que ouviram dos filhos aos senadores. Encapuzados e com casacos da Polícia Militar, para evitar o reconhecimento dos filhos, ambos chegaram a chorar.


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