São Paulo, quinta-feira, 19 de março de 2009

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Nem toda verba elimina enchente, diz Kassab

Prefeito afirma que mesmo que usasse todo o Orçamento problema não seria resolvido em sua gestão, que termina em 2012

Segundo Gilberto Kassab (DEM), obras no Pirajussara terminam neste ano; no Ipiranga, previsão é para "pelo menos dois anos"

Moacyr Lopes Júnior/Folha Imagem
Carro que caiu em córrego na av. Robert Kennedy, em São Bernardo do Campo, um dia após a chuva

DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) disse ontem que não conseguirá eliminar as enchentes em São Paulo durante sua gestão, que acaba em 2012.
Kassab, que está no comando da prefeitura há mais de quatro anos, primeiro como vice e depois como titular, afirmou que até dá para eliminar os pontos de alagamento, mas não enquanto estiver no cargo -o prefeito não especificou um prazo.
"Evidente que na nossa gestão não terá solução", disse ele, que estava em Brasília anteontem, quando a cidade teve 60 pontos de alagamento, trânsito recorde e trens parados depois de três horas de chuva forte.
"Nem se o Orçamento inteiro [superior a R$ 27 bilhões neste ano] fosse voltado para medidas antienchente seria o suficiente para resolver numa única gestão", afirmou o prefeito.
Desde quando assumiu, em 2006, Kassab vem afirmando que os problemas de enchentes em São Paulo são insolúveis.
Kassab estipulou prazo para conclusão de obras: no Pirajussara, na zona oeste, disse que tudo será entregue até o final do ano; no Ipiranga, bairro da zona sul mais atingido pela enchente de anteontem, as obras no rio local estarão concluídas "pelo menos em dois anos".
Questionado sobre o fato de a prefeitura ter gasto este ano mais com publicidade do que com obras antienchente, conforme a Folha revelou ontem, o prefeito respondeu: "Não podemos comparar laranja com banana. A verba de publicidade é fundamental na área de prevenção de enchente, de dengue", disse, sem, porém, contestar os números. "Pode passar a impressão de que a prefeitura está agindo errado."

Clima
Uma frente fria no sul do Estado foi um dos fatores que contribuíram para que São Bernardo do Campo, no ABC, fosse um dos locais mais atingidos pela chuva de anteontem.
São Bernardo faz divisa com parte da zona sul da capital, também bastante atingida.
De acordo com o meteorologista Marcelo Schneider, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a passagem da massa de ar frio fez com que o vento mudasse de sentido -grosso modo, em vez de soprar do litoral para o interior, ele passou a vir da região central do país, tornando-se mais quente e úmido e aumentando as chances de chuva.
Apesar da força, a chuva de terça-feira não foi a maior do ano. O recorde de 2009 registrado pelo Inmet foi em 9 de janeiro, quando choveu 71,4 mm -o índice de anteontem foi de 68,4 mm. O ocorrido neste mês está dentro da média histórica de março, período de transição entre a época chuvosa do verão e a seca do inverno.
A chegada do outono, na próxima sexta-feira, marca um período de diminuição de chuvas, de acordo com o Inmet.


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