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Congonhas descumpre regras para voos
Aeroporto deveria funcionar das 7h às 22h a partir de março; em 2007, norma limitou operações de pouso e decolagem a 30 por hora
Com a redução no horário de funcionamento, aeroporto na zona sul de SP perderia
62 operações por dia, o que desagrada empresas aéreas
Adriano Vizoni/Folha Imagem
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Avião pousa em Congonhas, anteontem após as 22h
RICARDO GALLO
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
O aeroporto de Congonhas, o
segundo mais movimentado do
país, tem desrespeitado normas de segurança e de horário.
Responsável pelo aeroporto,
na zona sul, a Infraero ignorou
decisão da prefeitura de reduzir até o início deste mês o horário de funcionamento do local -antiga reivindicação dos
moradores da região, que se
queixam do barulho.
Pelo acordo, de dezembro de
2009, as operações só poderiam ocorrer das 7h às 22h na
semana e das 9h às 23h aos domingos e feriados. Hoje, o aeroporto funciona das 6h às 23h.
Já o número de pousos e decolagens, limitado a 30 por hora para a aviação comercial,
também não é integralmente
respeitado. A norma foi implantada pelo governo federal
em 2007, após o acidente com o
voo da TAM que explodiu sobre
um prédio da própria empresa,
na avenida Washington Luís.
Morreram 199 pessoas.
Apenas nesta semana, em ao
menos dez vezes, ocorreram
mais de 30 operações por hora
no local, considerando apenas
voos comerciais. Na quarta, por
exemplo, foram registrados 39
pousos e decolagens em uma
hora, segundo dados da Infraero e das empresas aéreas.
Advertência
A gestão Gilberto Kassab
(DEM) advertiu a Infraero depois que a estatal descumpriu o
prazo para se adequar aos novos horários. O prazo venceu
em 1º de março e foi uma das
quase cem condições que o
conselho ambiental de São
Paulo impôs para conceder licença ambiental ao aeroporto.
A prefeitura deu novo prazo
-até 1º de abril. Em caso de novo descumprimento, a Infraero
será multada (o valor não foi informado pela prefeitura).
Com as reduções de horário,
Congonhas perderia 62 operações por dia -quase 12% do total por dia, o que desagrada às
companhias aéreas.
Segundo o Snea (sindicato
das empresas aéreas), a regra
da prefeitura é absurda. "Guarulhos não tem condições de
absorver esses voos. Campinas
também não. Os voos que Congonhas vai perder vão acabar
sendo cancelados", disse o comandante Ronaldo Jenkins, diretor da entidade.
Em 2009, 13,7 milhões de
pessoas passaram pelo aeroporto de Congonhas.
Os moradores lamentam.
"Dá para ouvir o barulho de
aviões aquecendo as turbinas,
principalmente no sábado", diz
Terezinha Canton, que mora
na região há mais de dez anos.
Já a fonoaudióloga e professora da PUC-SP, Ana Claudia
Fiorini, afirma que o barulho
das turbinas dos aviões pode
provocar problemas como irritabilidade, dificuldade de concentração e alteração do sono.
Colaboraram ALINE PELLEGRINI e
LUIZ GUSTAVO CRISTINO
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