São Paulo, sexta-feira, 19 de março de 2010

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Congonhas descumpre regras para voos

Aeroporto deveria funcionar das 7h às 22h a partir de março; em 2007, norma limitou operações de pouso e decolagem a 30 por hora

Com a redução no horário de funcionamento, aeroporto na zona sul de SP perderia 62 operações por dia, o que desagrada empresas aéreas

Adriano Vizoni/Folha Imagem
Avião pousa em Congonhas, anteontem após as 22h

RICARDO GALLO
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

O aeroporto de Congonhas, o segundo mais movimentado do país, tem desrespeitado normas de segurança e de horário.
Responsável pelo aeroporto, na zona sul, a Infraero ignorou decisão da prefeitura de reduzir até o início deste mês o horário de funcionamento do local -antiga reivindicação dos moradores da região, que se queixam do barulho.
Pelo acordo, de dezembro de 2009, as operações só poderiam ocorrer das 7h às 22h na semana e das 9h às 23h aos domingos e feriados. Hoje, o aeroporto funciona das 6h às 23h.
Já o número de pousos e decolagens, limitado a 30 por hora para a aviação comercial, também não é integralmente respeitado. A norma foi implantada pelo governo federal em 2007, após o acidente com o voo da TAM que explodiu sobre um prédio da própria empresa, na avenida Washington Luís. Morreram 199 pessoas.
Apenas nesta semana, em ao menos dez vezes, ocorreram mais de 30 operações por hora no local, considerando apenas voos comerciais. Na quarta, por exemplo, foram registrados 39 pousos e decolagens em uma hora, segundo dados da Infraero e das empresas aéreas.

Advertência
A gestão Gilberto Kassab (DEM) advertiu a Infraero depois que a estatal descumpriu o prazo para se adequar aos novos horários. O prazo venceu em 1º de março e foi uma das quase cem condições que o conselho ambiental de São Paulo impôs para conceder licença ambiental ao aeroporto.
A prefeitura deu novo prazo -até 1º de abril. Em caso de novo descumprimento, a Infraero será multada (o valor não foi informado pela prefeitura).
Com as reduções de horário, Congonhas perderia 62 operações por dia -quase 12% do total por dia, o que desagrada às companhias aéreas.
Segundo o Snea (sindicato das empresas aéreas), a regra da prefeitura é absurda. "Guarulhos não tem condições de absorver esses voos. Campinas também não. Os voos que Congonhas vai perder vão acabar sendo cancelados", disse o comandante Ronaldo Jenkins, diretor da entidade.
Em 2009, 13,7 milhões de pessoas passaram pelo aeroporto de Congonhas. Os moradores lamentam.
"Dá para ouvir o barulho de aviões aquecendo as turbinas, principalmente no sábado", diz Terezinha Canton, que mora na região há mais de dez anos.
Já a fonoaudióloga e professora da PUC-SP, Ana Claudia Fiorini, afirma que o barulho das turbinas dos aviões pode provocar problemas como irritabilidade, dificuldade de concentração e alteração do sono.


Colaboraram ALINE PELLEGRINI e LUIZ GUSTAVO CRISTINO


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