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Cidades brasileiras estão entre as mais desiguais, afirma ONU
Relatório, porém, aponta avanço nos últimos dez anos, com redução de favelização
DA SUCURSAL DO RIO
Relatório que será divulgado
hoje no Rio pelo Programa das
Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU Habitat) estima que 10,4 milhões de
pessoas deixaram de viver em
condições de favelização no
Brasil nos últimos dez anos.
Aponta, no entanto, que as cidades do país estão entre as
mais desiguais do mundo.
Os 10,4 milhões de pessoas
equivaleriam, diz a ONU, a uma
redução de 16% na proporção
de moradores de "assentamentos precários" na população
brasileira, que teria caído de
31,5% para 26,4%.
Foram divulgados apenas
trechos do relatório "Estado
das Cidades do mundo 2010/
2011: Unindo o Urbano Dividido". O documento antecipa o 5º
Fórum Urbano Mundial, que
começa na segunda no Rio.
A redução na proporção de
moradores de assentamentos
precários no Brasil é atribuída a
políticas que "aumentaram a
renda dos pobres urbanos", à
redução do crescimento populacional e a programas de urbanização, entre outros.
Segundo o relatório, a desigualdade nas cidades brasileiras é "muito alta", no mesmo
patamar de centros urbanos de
países como Colômbia, Argentina, Etiópia e Zimbábue.
O indicador mostra a má distribuição da riqueza, o que faz
com que cidades pobres, como
Pointe Noire, no Congo, apareçam entre as mais iguais, enquanto Washington (EUA) está
entre as mais desiguais. Mas a
desigualdade se reflete no alocamento dos terrenos, dos espaços públicos e dos serviços
urbanos, afirma a ONU.
Em todo o mundo, o relatório
estima que 227 milhões de pessoas deixaram de viver em assentamentos precários entre
2001 e 2010.
Discrepância
Dados do IBGE de 2000
mostravam que 6,5 milhões de
brasileiros, ou 3,8%, viviam em
"aglomerados subnormais",
moradias dispostas de forma
densa e desordenada em áreas
de propriedade alheia.
Pesquisadores argumentam
que o dado é subestimado, e há
estudos que apontam que o número pode chegar a 12,4 milhões de pessoas, ou 7,3%.
Como o Habitat não informou os critérios usados para
definir população favelizada,
não é possível investigar por
que os dados são discrepantes.
(CLAUDIA ANTUNES E ANTÔNIO GOIS)
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