São Paulo, sábado, 19 de março de 2011

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Obstetrícia da USP pode sair da Fuvest

Cerca de 200 pessoas protestaram ontem contra a exclusão do curso entre opções do vestibular do ano que vem

Alunos e professores contestam a medida, defendida por conselho de enfermagem e por comissão da escola

LAURA CAPRIGLIONE
DE SÃO PAULO

Cerca de 200 estudantes, professores e ex-alunos da Escola de Artes, Ciências e Humanidades, a chamada USP Leste, protestaram ontem contra a retirada do curso de obstetrícia do cardápio de cursos da Fuvest de 2012.
A retirada é defendida pelo Conselho Federal de Enfermagem e apoiada por comissão interna da escola, pelo menos até que se encontrem formas de viabilizar o curso.
Criado em 2005, o curso de obstetrícia já formou duas turmas, no total de 90 obstetrizes -mesmo os profissionais do gênero masculino designam-se assim, para se distinguirem dos médicos e enfermeiros obstetras.
Ao contrário do que previam os organizadores do curso, porém, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) logo manifestou seu inconformismo com o fato de os egressos da EACH pleitearem o registro como enfermeiros.
Segundo o Cofen, o curso da USP Leste não cumpria as diretrizes curriculares nacionais. Ontem, veio a público a decisão final do Cofen relativa aos egressos da obstetrícia da EACH. O conselho não os reconhece como enfermeiros e recomenda que a USP Leste cancele imediatamente o vestibular para o curso.
"Não admitimos sucateamento da profissão de enfermeiro", diz Fabrício de Macedo, procurador do Cofen.
Edson Leite, vice-diretor da EACH, disse à Folha há 15 dias, quando ainda não se conhecia o parecer final do órgão de classe sobre o curso, que a universidade "não poderia fechar os olhos para o destino dos alunos que estão fazendo o curso".
Dulce Maria Rosa Gualda, professora-titular da faculdade de enfermagem da USP e uma das formuladoras do curso de obstetrícia da EACH, considera "lamentável a USP ceder dessa forma vergonhosa à pressão corporativista do Cofen".
Ela cita pesquisas, como a divulgada pela Folha no último dia 24, nas quais 25% das mães dizem ter sofrido algum tipo de agressão no parto.
"Quando a questão do parto humanizado é tão urgente, como é possível que a universidade aceite extinguir um curso fundado exatamente para reverter esse cenário?"
Segundo a professora, já está provado que os cursos de enfermagem não dão conta de formar profissionais em número suficiente para a obstetrícia. "O certo seria ampliar a experiência da EACH, e não encerrá-la."
Para Edson Leite, "não dá mais para dizer que não interessa o parecer do conselho de classe". Segundo ele, as negociações para o Cofen reconhecer o curso da EACH deverão prosseguir. "Se for o caso, voltamos a oferecê-lo no vestibular de 2013."


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