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SAÚDE
Presidente diz que tributo é meio para 'quem tem pagar para quem não tem'; Congresso tem proposta de emenda
FHC quer imposto definitivo para a Saúde
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso cobrou ontem do
Congresso a definição de um financiamento estável para a Saúde
a fim de assegurar recursos para os
próximos dez anos, a contar de 99.
"Já passou da hora", afirmou.
Diante de uma platéia de quase
mil prefeitos, FHC propôs a criação de um imposto para assegurar
esse financiamento -mas não
disse de que fonte. "Quem tem vai
ter de pagar, e o imposto é o mecanismo pelo qual quem tem paga
para quem não tem", afirmou. Foi
aplaudido pelos prefeitos.
Ano passado, quando ocorria a
discussão da prorrogação da
CPMF (Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financeira),
o próprio governo esvaziou as negociações que estavam em curso
visando uma solução definitiva.
Até o início de 99, a Saúde terá a
complementação de recursos assegurados pela CPMF, o chamado
imposto do cheque, que totaliza
no orçamento da Saúde deste ano
cerca de R$ 7 bilhões. O imposto
não pode mais ser prorrogado.
"Agradeço ao Congresso por ter
nos dado a CPMF, mas agora é hora de pensarmos no ano que vem
em diante, algo mais estável, algo
que faça com que haja uma convergência do recurso público em
nível municipal, estadual e federal", afirmou o presidente.
FHC disse que o argumento de
que o ano é eleitoral e, por isso, o
Congresso não pode tomar decisões importantes não será aceito.
Mínimo de 10%
O texto que está em tramitação
mais avançada no Congresso sobre financiamento da Saúde é a
PEC 169 (proposta de emenda
constitucional).
Pela proposta, haveria vinculação de recursos à Saúde nas três
esferas de governo. Da União, seriam vinculados à área 30% do orçamento da seguridade social. Já
Estados e municípios seriam obrigados a aplicar na Saúde no mínimo 10% do que arrecadam.
"Com essa declaração do presidente, espero que a proposta seja
votada já no mês que vem", disse o
deputado Eduardo Jorge (PT-SP),
um dos autores da PEC 169.
O ministro da Saúde, Carlos Albuquerque, disse que a proposta
está em estudo no ministério. "O
espírito que o governo pretende
desenvolver é muito dentro da
PEC 169, no sentido de definir claramente a participação de União,
Estados e municípios", afirmou.
Hoje, segundo o ministério, os
recursos federais na Saúde são de
R$ 19,1 bilhões, os estaduais são de
R$ 6,2 bilhões, os municipais, de
R$ 4,6 bilhões, e os privados (planos de Saúde e desembolso direto
da população), de R$ 17,5 bilhões.
Caso a PEC já estivesse em vigor,
estariam disponíveis só do Orçamento federal R$ 21,3 bilhões.
(BETINA BERNARDES, RENATA
GIRALDI E WILLIAM FRANÇA)
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