São Paulo, quinta, 19 de março de 1998

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EDUCAÇÃO
MEC não fez avaliação detalhada da paralisação dos professores, mas informou que a maioria não aderiu
Greve atinge 31 universidades federais

FERNANDO ROSSETTI*
da Reportagem Local

Professores de pelo menos 31 das 52 Instituições Federais de Ensino Superior aderiram ontem à convocação de uma paralisação de dois dias, segundo um levantamento da Andes (o sindicato nacional de docentes universitários).
O MEC (Ministério da Educação) não fez uma avaliação detalhada da adesão. Disse, pela assessoria de imprensa, que em consulta com reitores apurou que a paralisação é parcial e que a maioria das universidades não aderiu.
Segundo a presidente da Andes, Maria Cristina de Morais, além das 31 universidades em greve, outras duas vão parar por um dia. Oito decidiram não paralisar as atividades -como a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
A entidade nacional dos docentes não conseguiu dados de 11 universidades -a maioria na região norte do país. "No segundo dia de paralisação, em geral a adesão é maior", diz Cristina.
A paralisação dos professores universitário vinculados ao MEC tem três reivindicações ditas "emergenciais". A primeira é um reajuste salarial de 48,65%, para repor perdas acumuladas em mais de três anos sem aumento.
O MEC diz que a questão salarial do pessoal das federais está vinculada ao restante do funcionalismo público federal e que, portanto, a decisão não é do ministério.
O segundo ponto das reivindicações emergenciais é a retirada da medida provisória que criou o Programa de Incentivo à Docência -estopim dessa paralisação.
O programa, que institui um sistema de bolsas para professores que desenvolverem projetos especiais para melhorar o ensino de graduação, foi lançado em 12 de fevereiro, quando os professores iniciavam a campanha salarial.
Como as bolsas atingem apenas parcela dos docentes, a medida foi interpretada como uma alternativa frágil aos aumentos salariais -até os reitores se posicionaram contra o programa.
O ministro Paulo Renato Souza afirma que o projeto faz parte da política de priorização da melhoria da graduação na universidade e que não tem nada a ver com reajuste salarial.
Por último, os docentes querem que o ministério promova concurso para a contratação de professores e funcionários -e que o número de vagas seja ampliado.
Nesse caso, o problema é que, atualmente, o MEC está discutindo com os reitores critérios para a formação do corpo de funcionários de cada instituição.
O secretário de Ensino Superior do MEC, Abilio Baeta Neves, diz que vai abrir concurso, só que após a conclusão dessa discussão.


Colaborou a Agência Folha


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