TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

Os quadros do senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM), 78, roubados durante assalto a sua casa no Rio, no domingo de Páscoa, não são valiosos, afirma ele. A única obra verdadeira seria um rascunho de Di Cavalcanti, que o senador conta que foi um presente do empresário Nelson Tanure.
"Eles não conheciam pintura, não. Tínhamos uma gravura de [Alfredo] Volpi comprada numa livraria e emoldurada que eles olharam e acharam que era verdadeira. Bastou minha mulher dizer que não era valiosa, que era uma cópia, para eles começarem a pegar os quadros de casa. Até os porta-retratos com fotos de família eles queriam levar, achando que fosse prata", disse o senador por telefone à Folha.
De acordo com Mestrinho, a maior parte dos quadros levados foi presente que guarda de seus tempos de prefeito, governador, deputado federal e senador.
A violência dos assaltantes assustou Mestrinho e a mulher, Maria Emilia Martins Mestrinho de Medeiros Raposo. "Eles bateram na minha mulher, que levou dois socos no rosto. Depois, furaram o dedo dela e puseram o sangue em um tecido para me mostrar [ele estava em outro cômodo]. Disseram que iam matá-la se eu não desse dinheiro", contou.
A resposta ao pedido do senador de que não a maltratassem foi mais agressão: um safanão na nuca, que o fez cair e machucar a mão, e um soco no canto da boca. Os funcionários também foram agredidos com socos e tapas.
Mestrinho disse ter certeza de que seus passos vinham sendo monitorados. Ele afirmou que os ladrões disseram saber que a mulher dele chegara na casa na quarta e que ele estava lá desde quinta. O senador, que há dez anos mora na casa parte do seu tempo, quer deixar o Rio. Ele foi assaltado na Linha Amarela em 2004.
O delegado Rodrigo Martiniano disse não ter pistas dos suspeitos, mas não descartou a participação de funcionários do senador.


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