|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
É "crueldade" prejulgar o casal, afirma advogado
Família precisou contratar seguranças, diz o representante da defesa, Ricardo Martins
Advogado, que pediu que respeitem a família, não
comentou a decisão da polícia de indiciar Alexandre
Nardoni e Anna Jatobá
DA REPORTAGEM LOCAL
O advogado Ricardo Martins,
um dos defensores do pai e da
madrasta de Isabella, diz ver
como "crueldade" a forma como o casal está sendo julgado
"antecipadamente".
A defesa afirma que Alexandre Nardoni e Anna Jatobá são
inocentes. O assassino da menina, segundo ela, seria alguém
escondido dentro do apartamento quando a menina foi
deixada pelo pai.
Martins fez referência a um
texto bíblico para pedir calma
aos que acusam a dupla. "Estão
julgando a família antecipadamente e com uma crueldade
que eu não consigo nem sequer
mensurar. As pessoas deveriam
ter o mínimo de consciência.
Não julguem para não serem
julgados", afirmou.
O advogado não comentou a
decisão da polícia de indiciar o
casal nem sobre o resultado da
perícia, que trouxe novos detalhes sobre o que ocorreu na
noite de 29 de março.
Ele falou com jornalistas ontem pela manhã, diante da casa
dos pais de Alexandre Nardoni,
no Tucuruvi (zona norte de São
Paulo), momentos antes de o
casal ser levado à delegacia para depor. Nesse horário, nem
dos dois detalhes eram ainda
conhecidos ou divulgados.
Até a conclusão desta edição,
os advogados que defendem o
casal acompanhavam o depoimento de Anna no 9º DP (Carandiru). A previsão era que interrogatório (a estudante seria
indiciada) fosse concluído por
volta das 3h de hoje.
A família e os advogados do
casal, segundo a Folha apurou,
já esperavam pelo indiciamento. Para eles, isso era esperado
pela forma como a polícia vem
conduzindo as investigações,
ao colocar, desde o início, os
dois como os únicos suspeitos.
Nesse afã, ainda segundo a
tese da defesa, a polícia deixou
de apurar fatos importantes
que poderiam provar a existência de uma terceira pessoa na
cena do crime e o responsável
pelo assassinato da menina.
Para os advogados, quanto
mais o caso for investigado,
mas clara ficará a inocência do
casal. Os dois (pai e madrasta),
segundo eles, eram apaixonados pela menina e estão entre
as pessoas que mais querem
encontrar os culpados.
O principal argumento utilizado pela defesa para dizer que
não há provas suficientes contra o casal para indiciá-lo e,
muito menos, condená-lo, é a
liminar concedida pelo Tribunal de Justiça que suspendeu a
prisão temporária do casal. Para os advogados, o desembargador Caio Eduardo Canguçu de
Almeida, ao conceder a liminar, demonstrou a fragilidade
das provas contra os dois.
Canguçu analisou principalmente se o casal estava agindo
para atrapalhar a investigação
-o que, para ele, não ocorreu.
Quando falou com jornalistas na manhã de ontem, Martins era cercado por repórteres
e mais cerca de 300 pessoas
que tentavam ver o casal deixar
a casa. Parte dos curiosos gritava palavras como "justiça" e
"assassinos". Um objeto foi atirado contra a dupla quando entrava no carro da polícia.
Martins queixou-se do fato
de a família ter tido de contratar seguranças particulares por
causa dos ânimos exaltados das
pessoas do lado de fora. Para
ele, isso é "humilhante".
Na noite anterior, pedaços de
tijolo foram atirados contra a
casa dos pais de Nardoni. Em
muros vizinhos, há pichações
acusando o casal de ter assassinado Isabella. "Eu gostaria de
pedir que respeitem esta família", disse o advogado.
Texto Anterior: Caso derruba comerciais por 3 h na Globo Próximo Texto: Frases Índice
|