São Paulo, sábado, 19 de abril de 2008

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É "crueldade" prejulgar o casal, afirma advogado

Família precisou contratar seguranças, diz o representante da defesa, Ricardo Martins

Advogado, que pediu que respeitem a família, não comentou a decisão da polícia de indiciar Alexandre Nardoni e Anna Jatobá

DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado Ricardo Martins, um dos defensores do pai e da madrasta de Isabella, diz ver como "crueldade" a forma como o casal está sendo julgado "antecipadamente".
A defesa afirma que Alexandre Nardoni e Anna Jatobá são inocentes. O assassino da menina, segundo ela, seria alguém escondido dentro do apartamento quando a menina foi deixada pelo pai.
Martins fez referência a um texto bíblico para pedir calma aos que acusam a dupla. "Estão julgando a família antecipadamente e com uma crueldade que eu não consigo nem sequer mensurar. As pessoas deveriam ter o mínimo de consciência. Não julguem para não serem julgados", afirmou.
O advogado não comentou a decisão da polícia de indiciar o casal nem sobre o resultado da perícia, que trouxe novos detalhes sobre o que ocorreu na noite de 29 de março.
Ele falou com jornalistas ontem pela manhã, diante da casa dos pais de Alexandre Nardoni, no Tucuruvi (zona norte de São Paulo), momentos antes de o casal ser levado à delegacia para depor. Nesse horário, nem dos dois detalhes eram ainda conhecidos ou divulgados.
Até a conclusão desta edição, os advogados que defendem o casal acompanhavam o depoimento de Anna no 9º DP (Carandiru). A previsão era que interrogatório (a estudante seria indiciada) fosse concluído por volta das 3h de hoje.
A família e os advogados do casal, segundo a Folha apurou, já esperavam pelo indiciamento. Para eles, isso era esperado pela forma como a polícia vem conduzindo as investigações, ao colocar, desde o início, os dois como os únicos suspeitos.
Nesse afã, ainda segundo a tese da defesa, a polícia deixou de apurar fatos importantes que poderiam provar a existência de uma terceira pessoa na cena do crime e o responsável pelo assassinato da menina.
Para os advogados, quanto mais o caso for investigado, mas clara ficará a inocência do casal. Os dois (pai e madrasta), segundo eles, eram apaixonados pela menina e estão entre as pessoas que mais querem encontrar os culpados.
O principal argumento utilizado pela defesa para dizer que não há provas suficientes contra o casal para indiciá-lo e, muito menos, condená-lo, é a liminar concedida pelo Tribunal de Justiça que suspendeu a prisão temporária do casal. Para os advogados, o desembargador Caio Eduardo Canguçu de Almeida, ao conceder a liminar, demonstrou a fragilidade das provas contra os dois.
Canguçu analisou principalmente se o casal estava agindo para atrapalhar a investigação -o que, para ele, não ocorreu.
Quando falou com jornalistas na manhã de ontem, Martins era cercado por repórteres e mais cerca de 300 pessoas que tentavam ver o casal deixar a casa. Parte dos curiosos gritava palavras como "justiça" e "assassinos". Um objeto foi atirado contra a dupla quando entrava no carro da polícia.
Martins queixou-se do fato de a família ter tido de contratar seguranças particulares por causa dos ânimos exaltados das pessoas do lado de fora. Para ele, isso é "humilhante".
Na noite anterior, pedaços de tijolo foram atirados contra a casa dos pais de Nardoni. Em muros vizinhos, há pichações acusando o casal de ter assassinado Isabella. "Eu gostaria de pedir que respeitem esta família", disse o advogado.


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