São Paulo, domingo, 19 de abril de 2009

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Nos EUA, brasileiro é condenado a 109 anos de prisão

Lindolfo Thibes, 48, foi acusado de abusar da filha sexualmente desde os seis anos e com ela teve 3 crianças

O réu, que fez sua própria defesa, afirmou que a condenação foi resultado de "testemunhos mentirosos e de provas fraudulentas"

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

O brasileiro Lindolfo Thibes, 48, foi condenado a 109 anos de prisão na última sexta-feira, em Los Angeles (costa oeste dos EUA), acusado de abusar sexualmente da filha desde que ela tinha seis anos -hoje tem 29. Os dois tiveram três filhos, atualmente com 4, 7 e 11 anos.
A vítima teve seu nome mantido em sigilo, mas a Folha descobriu o telefone identificado como da casa de sua mãe, em Antelope Valley (Califórnia).
"É um alívio poder viver minha vida livremente", disse ela. "Eu perguntava a Deus o porquê de tudo o que me acontecia e pensava que meu pai ou me mataria ou me teria como prisioneira pelo resto da vida."
Segundo o jornal "Los Angeles Times", o caso foi descoberto em 2005, com um chamado de emergência de violência doméstica: um homem havia esfaqueado a namorada no estacionamento de um hospital em Las Vegas, Estado de Nevada.
Quando os detetives começaram a investigar, descobriram que o agressor -instrutor de artes marciais- era, na verdade, o pai da vítima, que o acusou de molestá-la sexualmente por quase duas décadas.
Testes de DNA confirmaram as acusações, indicando que Thibes era tanto pai quanto avô das três crianças.
Os ataques começaram quando a família vivia em Los Angeles, em meados dos anos 1980. Thibes aproveitava a ausência da mãe, que trabalhava à noite como enfermeira.
Além dos abusos sexuais, a filha contou que era espancada, inclusive com bastões de beisebol, e o irmão mais novo, chicoteado com fios elétricos.
Além disso, contou em juízo, ele lhe dava álcool e maconha desde os oito anos. Já adolescente, era proibida de sair de casa sozinha e teve de abandonar os estudos na sexta série.
A filha conta que, antes de ir parar no hospital por causa das facadas, nunca havia contado a ninguém sobre os abusos, nem mesmo à mãe.
"Eu era tão dominada por ele que, mesmo que ela me interrogasse, eu não contaria nada. Acho que minha mãe suspeitava, mas nunca falamos a respeito. Quando eu ficava grávida, dizia que os filhos eram só meus e que ninguém tinha nada a ver com isso", afirma.
Segundo ela, o pai ameaçava matá-la se o denunciasse e a mantinha prisioneira em casa, monitorando seus movimentos com câmeras de vigilância.

Problemas mentais
Ao todo foram quatro dias de julgamento, realizado no início deste ano. Thibes, que optou por se defender sozinho, sem advogado, foi sentenciado por estupro e outras agressões.
Durante o julgamento, ele afirmou que a condenação era resultado de "provas fraudulentas e testemunhos mentirosos", disse sofrer de problemas mentais e alucinações, mas não chegou a ser submetido a avaliação psicológica -segundo o vice-promotor distrital Rouman Ebrahim, porque não solicitou o exame.
"Alguém que faz isso não é mentalmente normal, mas não creio que seja caso de insanidade nem que ele é esquizofrênico. Ele tentou manipular o sistema com essas declarações", disse Ebrahim à Folha.
Segundo o vice-promotor Ebrahim, ainda cabe recurso, mas certamente o condenado vai passar o resto da vida na cadeia. Isso porque, pelas leis estaduais americanas, antes de começar a cumprir a pena por estupro da filha, Thibes cumprirá uma condenação de 22 anos por esfaqueamento, no Estado de Nevada. Só depois disso, diz ele, o brasileiro será transferido à Califórnia para cumprir a pena de 109 anos.


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