São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 2011

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Família mineira fazia questão de proteger os filhos no carro

DO ENVIADO A MG E ES

O que sobrou do Voyage do casal mineiro Jorge Soares da Silva, 30, e Viviane Alves da Silva, 27, mal será suficiente para comprar uma nova cadeirinha para as três crianças que sobreviveram.
A morte dos dois no Carnaval ocorreu num dia chuvoso na BR-262, no Espírito Santo.
A batida foi de frente, num trecho de pista simples com sinalização discreta e deficiente para um ponto crítico, que já teve ao menos 67 acidentes, 24 com feridos e três com mortos, desde 2005.
No transporte das vítimas no carro funerário até Minas, mais uma tragédia. O veículo caiu numa ribanceira na estrada, espalhou os corpos e provocou atraso no enterro.
A carcaça do que restou do Voyage foi vendida por R$ 400 pelos parentes que assumiram a criação das crianças -os avós e um tio, moradores de uma casa simples na periferia de Belo Horizonte.
"Só a maior teve um machucado no joelho. Os outros mal tiveram arranhões", diz Edmar Ribeiro Alves, 19, tio que troca fraldas, leva as crianças à escola e à igreja evangélica, assumindo um pouco o papel de "paizão".
"A menor é a que mais chama pela mãe", afirma José Dino Alves de Sousa, 50, avô que abrigou os dois meninos e a menina sobreviventes num cômodo que deveria ser a garagem da residência.
Dos três, os dois mais velhos eram filhos de criação do casal Jorge e Viviane -que assumiu a educação das crianças de uma irmã logo depois do nascimento.
Com salário de porteiro de R$ 616, José Dino ganhou cesta básica e leite no bairro para sustentar os netos.
As cadeirinhas, por isso, ainda não foram trocadas -a recomendação é não usá-las de novo após um acidente.
O casal que morreu havia adquirido os equipamentos (dois deles após a nova lei) com os salários de caixa de um sacolão da mãe e de faixas de pano feitas pelo pai.
"Sempre foram muito rígidos com a segurança. Uma vez, não quiseram levar meus filhos à rodoviária porque não tinha cadeirinha para todos", conta a cunhada Juliana de Medina, 26.


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