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ADMINISTRAÇÃO
Prefeitura diz que considera falha auditoria feita na gestão anterior e deixa de cobrar R$ 44 mi em gastos irregulares
PT ignora até desvio no PAS revelado por Pitta
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A gestão Marta Suplicy (PT) decidiu não cobrar na Justiça gastos
irregulares de R$ 44 milhões do
PAS, apurados em auditoria contratada na administração Celso
Pitta (97-00). Para a atual administração, a auditoria foi malfeita
-não investigou pontos como
superfaturamento, por exemplo.
Mas a apuração feita pelos petistas não chegou a resultado nenhum sobre superfaturamento.
Passados mais de três anos, permanece sem conclusão a maior
parte das investigações que Marta
iniciou em 2001, quando a prefeitura ganhou a guarda dos documentos do PAS e entregou a tarefa
de auditar o sistema a uma empresa privada, a KPMG, ao custo
de R$ 1,4 milhão.
O PAS era um sistema de gerenciamento privado das unidades
de saúde, criado em 1995 pelo então prefeito Paulo Maluf (1993-1996). Dinheiro público era repassado para cooperativas, que faziam compras sem licitação.
O principal resultado das investigações feitas nesta administração são 26 ações de cobrança de
recursos supostamente desviados
pelo plano -todas sobre o mesmo assunto e baseadas em auditoria feita pelo Tribunal de Contas
do Município antes da atual gestão. Tratam de encargos de empréstimos feitos pelo sistema.
Ao assumir, a prefeita colocou
as investigações sobre o PAS como prioridade. Tanto é que a ordem interna número um de Marta, expedida no quarto dia de
mandato, era para viabilizar uma
auditoria do plano. A administração e o Ministério Público, à época, estimavam que havia ocorrido
um desvio de R$ 1,5 bilhão.
A prefeitura, depois de ter estourado o último prazo estipulado por ela mesma para entregar
trabalho sobre superfaturamento,
20 de fevereiro deste ano, corre
agora para terminar a tarefa até
amanhã -novo prazo.
A apuração sobre superfaturamento foi iniciada após apreensão judicial de documentos das
cooperativas do PAS. Cerca de
cem fornecedores fazem parte do
banco de dados.
Segundo o promotor de Justiça
da Cidadania Silvio Marques, que
acompanha as investigações, trabalhos preliminares sobre superfaturamento feitos pelo município apresentavam "inconsistências", assim como os elaborados
por técnicos da Promotoria. Ele
ainda aguarda as correções.
Dentro do próprio PT, a demora nas investigações é vista como
efeito colateral da "política de governabilidade". Aliados importantes para a aprovação de projetos do governo -vereadores do
PMDB e ligados a Maluf- estiveram envolvidos em denúncias de
irregularidades no sistema.
Durante a CPI do PAS, realizada
em 2001, e presidida pelo PT, Maluf nem sequer foi ouvido.
Os problemas nas investigações
começaram pela auditoria externa determinada pela prefeita -a
cujos resultados a administração
não dá acesso.
Em abril de 2001, Marta autorizou a contratação da KPMG, por
notória especialização -sem licitação-, para fazer o trabalho. O
Ministério Público investigou a
contratação, mas arquivou o caso.
A prefeitura diz que quatro outras
empresas foram contatadas, mas
não se interessaram pela tarefa.
O objetivo da auditoria era verificar a aplicação dos recursos em
um dos quatro módulos do sistema -o central- e auxiliar a prefeitura em possíveis ações. Se o investimento valesse a pena, seria
estendido para outros módulos
-o que não aconteceu.
Desde o início dos trabalhos,
funcionários da prefeitura reclamaram da ausência de resultados.
Mesmo prorrogando os trabalhos, a KPMG deixou de realizar
tarefas alegando falta de informações que haviam sido prometidas
pela prefeitura. O relatório final,
entregue em 2002, foi cercado por
críticas da própria administração.
Mais problemas ocorreram na
avaliação dos papéis apreendidos
-tanto é que o município perdeu
a guarda judicial dos documentos, em agosto de 2002.
"Eu não sei se a prefeitura fez o
suficiente. O problema é que antes as cooperativas sumiram com
muita coisa", afirma José Erivalder Guimarães de Oliveira, presidente do Sindicato dos Médicos,
uma das entidades que mais criticou o PAS. "Mas do dinheiro [supostamente desviado], até agora,
não retornou nada."
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