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OUTRO LADO
Auditoria era incompleta, diz Procuradoria
DA REPORTAGEM LOCAL
A Procuradoria Geral do
Município informa que decidiu
não cobrar gastos irregulares
do PAS apurados em auditorias contratadas em gestões anteriores por considerar que deixaram de investigar pontos como o superfaturamento.
A análise dos anos de 1996 e
1997 mostrou que R$ 44 milhões, ou 3,4% do repassado
pela prefeitura ao PAS no período, foram gastos irregularmente. O valor corresponde às
chamadas glosas do sistema
-procedimentos que desrespeitavam exigências formais
para compras, como assinatura
de testemunhas ou reconhecimento de firmas.
A Procuradoria afirma que
sete funcionários do setor estão
envolvidos diretamente nas
apurações do PAS e 26 ações,
relacionadas a empréstimos
bancários, foram encaminhadas à Justiça. Outras quatro são
contra fornecedores e diretores
de cooperativas.
A Procuradoria informou
ainda que a auditoria da KPMG
subsidiou ação contra as gerenciadoras do plano, em preparação, e as relacionadas aos empréstimos. A reportagem, no
entanto, não teve acesso à minuta desta última ação.
Segundo documentos e informações obtidos pela Folha,
os empréstimos não foram
analisados profundamente na
auditoria porque já tinham sido objeto de avaliação do TCM
na gestão Celso Pitta.
"Outras cem ações estão sendo finalizadas pela PGM (...) e
dirigem-se contra fornecedores de material médico-hospitalar. Há ainda outras doze
contra gerenciadoras", informou também a Procuradoria,
por meio da nota. Segundo o
órgão, o pedido de ressarcimento das gerenciadoras poderá chegar a R$ 100 milhões.
A Secretaria Municipal da
Saúde informou que, a partir
dos documentos das cooperativas apreendidos, foram apuradas 60 mil descrições de itens
comprados pelo PAS e que foi
necessário reorganizar as
quantidades para unidades
comparáveis, além de realizar
pesquisas de preços da época
em que os materiais foram
comprados.
A pasta não respondeu quantos funcionários foram envolvidos nas apurações. Também
ignorou pedido de acesso a relatórios produzidos e aos valores pagos à KPMG. Por fim,
não respondeu se algum recurso ou patrimônio supostamente desviado durante o PAS foi
recuperado até hoje.
A Secretaria das Finanças,
questionada sobre os motivos
de não ter realizado auditoria
própria sobre o destino dos recursos públicos do PAS, informou que "realiza auditorias internas e não tem competência
para apurar casos de fraude
que envolvem particulares [as
cooperativas]".
A KPMG não comenta o trabalho em razão de regras do setor de auditoria. A prefeitura
não deu acesso ao resultado da
auditoria feita pela empresa.
Ao assumir o cargo, a prefeita
Marta Suplicy dizia que, ao ajudar nas investigações do PAS,
cumpria promessa de campanha de combate à corrupção.
As dívidas que as cooperativas do sistema cobravam da
prefeitura -que superavam
R$ 200 milhões- também
eram fonte de preocupação. A
idéia era usar as investigações
para evitar possíveis ganhos de
causa pelas autoras das medidas.
Segundo a Procuradoria, a
prefeitura, até agora, não foi
derrotada em nenhuma das
125 ações movidas pelas cooperativas contra o município.
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