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TRANSPORTE
Cartão permite fazer inúmeras viagens no intervalo de duas horas
Bilhete único começa, mas
sem integração com metrô
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A falta de acordo entre os governos Marta Suplicy (PT) e Geraldo
Alckmin (PSDB) vai restringir as
vantagens do bilhete único dos
ônibus e lotações de São Paulo,
que a prefeitura começou a divulgar ontem e que já está disponível
em mais de 700 casas lotéricas e 26
postos da SPTrans -órgão municipal que cuida do transporte.
O bilhete único permite que os
passageiros façam deslocamentos
livres nos coletivos municipais no
intervalo de duas horas, pagando
uma única tarifa de R$ 1,70.
Ao menos por enquanto, esse
cartão magnético, que armazena
créditos a partir de R$ 8,50, não
poderá ser usado nos sistemas de
transporte estadual -metrô,
trens e ônibus intermunicipais-
pela falta de equipamentos compatíveis entre os dois sistemas.
Dessa forma, as atuais tarifas integradas ônibus/metrô e ônibus/
trem (que custam R$ 3,15, um
desconto de R$ 0,45 em relação
aos valores unitários) serão mantidas, mas para quem não for
usuário do bilhete único. Somente na rede de metrô há 35 mil viagens desse tipo diariamente.
Essa falta de integração se dá em
razão da indefinição sobre quem
bancaria um investimento de R$
14 milhões -custo da instalação
de validadores eletrônicos em todas as estações do Metrô e da
CPTM. Esse montante é inferior a
10% da arrecadação mensal dos
ônibus e lotações municipais e a
15% da receita da rede do Estado.
"É uma responsabilidade deles", afirmou Jilmar Tatto, secretário dos Transportes da gestão
Marta Suplicy, que aproveitou a
cerimônia de lançamento do bilhete único para criticar a demora
do governo tucano na implantação de um cartão semelhante ao
da prefeitura. "Eles estão tentando fazer há uns dez anos."
Segundo Renato Viegas, diretor
de planejamento e expansão da
Secretaria de Transportes Metropolitanos, esse cartão do Estado,
batizado de Metropass, deve ser
implantado no decorrer de 2005,
sendo compatível com a tecnologia do bilhete único municipal.
Viegas diz que a prefeitura havia
se comprometido a repassar às
empresas de ônibus e perueiros as
despesas pela instalação dos validadores eletrônicos, mas recuou
em fevereiro por avaliar que os
custos eram maiores que a previsão. O Estado, diz ele, precisaria
lançar uma licitação para fazer
uma contratação desse tipo, levando um tempo que coincidiria
com a implantação do Metropass.
Pane
A disponibilização do bilhete
único para todos os interessados a
partir desta semana chegou a provocar dificuldades ontem para
comprar os créditos nas casas lotéricas. Tatto alegou que a pane
foi motivada por sobrecarga.
"Estamos fazendo ajustes. Pode
haver sobrecarga em razão do
lançamento do cartão. A gente pede paciência", afirmou.
Os passageiros continuam podendo pagar a passagem com dinheiro, mas, nesse caso, não terão
direito à vantagem do bilhete único de fazer as baldeações gratuitas
no intervalo de duas horas.
Essa duração se refere ao tempo
máximo para entrar no próximo
veículo. Ou seja, após passar pela
catraca, os usuários não serão retirados dos coletivos ao atingir os
120 minutos -apenas não poderão tomar uma nova condução
sem pagar nova passagem.
O cartão magnético do bilhete
único é gratuito, mas deve ser adquirido com um crédito mínimo
de R$ 8,50. Pelas regras iniciais,
que ainda vigoram em algumas
lotéricas, esse valor seria de R$ 8,
mas a prefeitura decidiu fazer a
mudança para que ele seja equivalente a cinco passagens.
Também houve alteração nos
últimos dias no valor a ser cobrado pela segunda via do cartão
-em caso de perda ou roubo. A
prefeitura dizia inicialmente que
ele seria de R$ 5,10, mas anunciou
ontem uma taxa de R$ 11,90 (exceto para idosos e estudantes, cujas regras são diferenciadas).
Tatto alega que a intenção foi
evitar fraudes e diz que os usuários podem adquirir um novo
cartão gratuito -sem conseguir,
porém, fazer a transferência dos
créditos daquele que foi perdido
ou roubado. A segunda via vale a
pena somente para quem perdeu
ou teve roubado um bilhete com
créditos superiores a R$ 11,90.
A prefeita Marta Suplicy aproveitou para anunciar ontem que,
dentro de até três meses, não haverá mais vans ou peruas regulamentadas no sistema de transporte municipal -esses veículos já
vinham sendo substituídos por
miniônibus e microônibus, considerados mais seguros.
Ela afirmou que a implantação
do bilhete único também trará
mais segurança contra assaltos
porque haverá menos dinheiro
com os cobradores.
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