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LEGISLATIVO
Urbanistas apoiaram a medida aprovada
pelos vereadores, que estabelece novas regras para a região
Empresários criticam proibição de anúncio no centro histórico
AMARÍLIS LAGE
SIMONE HARNIK
DA REPORTAGEM LOCAL
O projeto de lei que proíbe
anúncios publicitários no centro
histórico de São Paulo, aprovado
anteontem pela Câmara Municipal, foi recebido com elogios de
urbanistas e críticas de empresários do ramo de outdoors. A medida depende da sanção do prefeito José Serra (PSDB) e regulamentação para entrar em vigor.
Pela proposta, ficam proibidos
na região outdoors, painéis, cavaletes e banners, entre outros tipos
de publicidade. Mas a lei não trata
sobre os letreiros que indicam lojas. Assim, as fachadas dos estabelecimentos continuam regulamentadas por uma lei sancionada
em 2003 por Marta Suplicy (PT),
que determina que os letreiros
não podem obstruir as características do prédio.
Essa lei de 2003 estabelece regras para o tamanho e as características dos anúncios em toda a cidade e substituiu uma lei de 1996.
O projeto foi polêmico, pois ampliou a possibilidade de instalação
de anúncios -peças como outdoors e backlights puderam se
tornar maiores e mais altos.
Para o presidente do Sepex (Sindicato das Empresas de Publicidade Exterior do Estado de São
Paulo), Júlio Albieri Neto, a nova
lei não resolve a poluição visual
no centro. "O eterno problema é a
fiscalização. Desde 1978, por meio
de um decreto, anúncios abusivos
já eram proibidos. A nova lei só
define um perímetro", avalia.
Já a Associação Comercial de
São Paulo aprova a medida desde
que ela não gere novos custos:
"Desde que não haja excesso fiscal, a disciplina é perfeitamente
válida", disse Roberto Mateus Ordine, vice-presidente da entidade.
O presidente da Associação Viva o Centro, Marco Antonio Ramos de Almeida, criticou o fato de
a proposta não ter sido discutida
com a sociedade. Para ele, a nova
legislação pode comprometer a
competitividade do centro em relação às outras áreas comerciais
da cidade.
Já para o arquiteto Ciro Pirondi,
diretor da Escola da Cidade, o comércio também será beneficiado
com a lei. "A curto prazo, eles podem achar que foram prejudicados, mas depois perceberão que
uma publicidade adequada, que
valorize o edifício em que ele está
instalado, trará ganhos maiores. É
o famoso "menos é mais"."
"A publicidade vai achar outras
formas de chamar a atenção. Do
jeito como é hoje, ela não funciona. São tantos anúncios que a
gente não pára para olhar", diz
Anália Amorim, presidente da
Associação de Ensino de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo.
A proposta, porém, recebeu ressalvas de alguns especialistas.
"Assim que as faixas forem tiradas, o que vai aparecer é a degradação das fachadas dos prédios, o
que também não vai contribuir
para uma boa imagem do centro.
O problema passa por uma questão mais ampla de urbanização",
diz o sociólogo Alvaro Comin,
presidente do Cebrap (Centro
Brasileiro de Análise e Planejamento).
Comin também critica o caráter
punitivo da lei. O ideal, diz, seria
que a mudança fosse estimulada
pelo governo por meio de benefícios fiscais, por exemplo.
"A situação é realmente caótica,
mas minha posição não é tão radical. A propaganda faz parte do
ambiente urbano e não pode ser
eliminada", afirma Clice Toledo,
professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
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