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GUERRA URBANA /CONFRONTO
Desde a última sexta-feira, início dos ataques do PCC, outras 124 pessoas supostamente envolvidas nos atentados foram presas
Polícia matou 107 suspeitos em sete dias
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde o início dos ataques do
PCC (Primeiro Comando da Capital), na sexta-feira passada, pelo
menos 107 suspeitos foram mortos por policiais. No mesmo período, outros 124 foram presos.
Somente entre a quarta-feira e
ontem, as mortes causadas por
policiais subiram de 93 para 107,
ou seja, em apenas 24 horas, houve um aumento de 15% na letalidade das ações policiais. Enquanto isso, as prisões de suspeitos
cresceram apenas 1,6%.
Desde quarta-feira, nenhum
agente de segurança do Estado
(policiais civis, militares ou agentes penitenciários) foi assassinado
na guerra com o PCC. É o maior
período, desde o início dos confrontos com a facção criminosa,
sem baixas nas corporações.
Até ontem à noite, os mortos
das forças de segurança somavam
41 vítimas (23 PMs, sete policiais
civis, três guardas municipais e
oito agentes penitenciários), além
de quatro civis.
Somando-se representantes do
Estado, civis e acusados de ligação
com a facção, os mortos já são
152, considerando apenas os dados oficiais da Secretaria da Segurança Pública. A cada um dos sete
dias de onda de violência, a média
de mortes ligadas aos confrontos
é de 21,71.
Dentro de presídios ou cadeias
públicas do Estado, os mortos foram 17 durante as rebeliões dos
últimos dias. Com isso, a média
diária de mortos sobe mais: 24,14,
para um total de 169 mortos.
No primeiro trimestre deste
ano, as polícias Civil (12) e Militar
(105) mataram 117 pessoas no Estado, o que dá uma média de 1,3
pessoas mortas por dia em "confrontos". A média de mortes cometidas por policiais em janeiro,
fevereiro e março é de 39 pessoas
em todos os municípios paulistas.
Nos dias de guerra ao PCC, essa
média diária subiu para 15,28 vítimas de ações da polícia.
A Segurança Pública revela que,
nos três primeiros meses deste
ano, 1.622 foram vítimas de homicídio doloso (com intenção), o
que dá uma média diária -em
um período de 24 horas- de 18
assassinatos por dia.
Lista negada
Desde domingo, a Folha solicita
oficialmente à Secretaria da Segurança Pública uma lista com a relação completa (nome, idade e ficha de antecedentes criminais)
dos mortos nos confrontos com
as forças de segurança do Estado.
Depois de passar seis dias respondendo que os "os dados estavam
sendo consolidados e seriam divulgados em breve", o órgão passou a informar que a divulgação
da lista completa com as vítimas
da ação policial só será revelada
em "momento oportuno".
A explicação oficial, segundo os
assessores diretos do secretário da
Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, passou a ser a de
que a divulgação das identidades
dos mortos poderia atrapalhar na
elucidação dos ataques cometidos
supostamente por pessoas ligadas
ao PCC nos últimos sete dias.
Para os órgãos de inteligência
das polícias, revelar quem morreu
pode ser um estímulo para que
comparsas que escaparam com
vida dos chamados "embates com
o PCC" -que é como as autoridades têm tratado os prováveis tiroteios com policiais- fujam.
Ontem à tarde, a reportagem
também solicitou ao governo do
Estado a lista detalhada dos crimes que vitimaram os agentes de
segurança nesses dias de confronto com o PCC, mas também não
foi atendida. Uma das respostas
foi a de que "as corporações são
muito fechadas e não gostam desse tipo de divulgação".
Mortos nos "embates"
A PM matou no final da noite de
anteontem dois homens em uma
suposta troca de tiros no bairro
do Ipiranga (zona sul de São Paulo). Segundo a PM, eles iriam atacar o 95º DP (Heliópolis). Na
apresentação do caso, no 17º DP
(Ipiranga), os policiais mostraram um armamento pesado, incluindo granadas.
Por volta das 23h30, os PMs receberam a informação de que um
grupo de homens da favela do Pilão, no Ipiranga, iria atacar a delegacia. Ao chegar ao local, a Força
Tática (espécie de tropa de elite)
do 3º Batalhão afirmou que foi recebida a tiros e revidou.
Dois homens foram alvejados e
mortos pelos policiais num beco.
Os dois suspeitos não foram identificados. Um terceiro homem
também foi encontrado morto,
mas a PM afirmou não ser possível saber se ele foi atingido pela
polícia ou por outros criminosos.
Em Guarulhos (Grande São
Paulo), policiais militares mataram outras três pessoas. Em Osasco, também na região metropolitana, outro suspeito foi morto
acusado de tentar invadir uma
companhia da PM.
Colaborou FÁBIO TAKAHASHI, da Reportagem Local
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