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Sem-teto é reflexo do desemprego, diz estudo
Pesquisa da UnB mostra que, desde 2000, cresce o contingente de moradores de rua originários da própria cidade ou do Estado
Falta de políticas públicas
é fator apontado pela
pesquisadora Lúcia Lopes
para explicar a situação
dessas pessoas
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os atuais moradores de rua
brasileiros são um reflexo do
desemprego gerado no final
dos anos 90, decorrente da automação industrial entre outros fatores, e desde 2000 cresce o contingente originário da
própria cidade ou do Estado.
Essas são algumas conclusões de uma pesquisa da UnB
(Universidade de Brasília), que
identifica mudança de perfil
dessas pessoas provenientes do
êxodo rural até os anos 80.
O estudo, fruto da tese de
mestrado da pesquisadora Lúcia Lopes, defendida em dezembro passado, indica que
quase 80% dos moradores de
rua são homens entre 25 e 55
anos; 70% têm escolaridade entre a 1ª e a 8ª série do ensino
fundamental; e 72% tinham algum tipo de emprego antes de
morar na rua.
"Essa população em condição de rua teria perfeita capacidade de estar no mercado de
trabalho, mas por falta de políticas públicas do governo, não
tem condições para sequer
manter uma casa", diz Lopes.
Só em São Paulo, onde essa
população é composta por 12
mil pessoas, segundo dados da
prefeitura, 97% já haviam trabalhado, principalmente no setor de construção civil (20%).
A pesquisadora analisou censos, elaborados entre 1995 e
2005, de quatro metrópoles
brasileiras: Belo Horizonte,
Porto Alegre, Recife e São Paulo. "Essas quatro cidades são as
únicas do Brasil que possuem
estatísticas que abordam todas
as áreas da cidade", diz Lopes.
Segundo a pesquisadora, a
grande mudança de perfil
aconteceu a partir de 2000,
com o aumento de moradores
de rua originários da própria cidade ou do Estado.
Em Belo Horizonte, por
exemplo, de 1998 para 2005,
houve redução de 33,62% para
21,87% no percentual de moradores provenientes de outros
Estados. Por outro lado, saltou
de 17,36% para 32,64% o número de moradores de rua que
já vivia na capital mineira.
Em Recife, de 2004 para
2005, houve um aumento de
84%, de 653 para 1.390 moradores, conforme dados da prefeitura. A cidade, diz, foi a "única entre as quatro pesquisadas
em que o nível de ocupação diminuiu, segundo o IBGE".
Já em São Paulo, o número
de moradores de rua cresceu
38% entre 2000 e 2006 -de
8.706 para 12 mil.
"Ele [o morador de rua] é discriminado, marginalizado e assim começa a fazer uso de álcool e drogas", explica.
Uma pesquisa da Prefeitura
de São Paulo, elaborada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que entrevistou moradores de 22 albergues conveniados ao governo
municipal, entre dezembro de
2005 e 2006, indica que 40%
dos jovens entre 18 e 29 anos fazem ou já fizeram uso continuado de drogas.
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