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Em Brasília, morador de rua dorme em árvore
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com vista para o lago Paranoá, Mário Nogueira Barreto,
36, e Josimar Bastos, 28, vivem
a menos de 5 km do Palácio do
Planalto, em Brasília. São moradores de rua, vindos da Bahia
-há pelo menos dez anos- à
procura de trabalho.
A pesquisadora Lúcia Lopes,
da UnB (Universidade de Brasília), explica que a situação dos
moradores de rua de Brasília é
diferente da do resto do país.
"Essa população ainda é composta, prioritariamente, por
pessoas de outros Estados", explica. "Mesmo assim, o número
de pessoas da própria cidade
vem crescendo gradativamente". Segundo Lopes, o plano urbanístico da cidade também
ajuda nessa diferenciação.
"Eles ficam escondidos. Muitos
deles dormem em árvores."
É o caso de Bastos. Antes de
morar na rua com Barreto, ele
conta que costumava encontrar boas árvores para se proteger do frio. Ele tem o ensino
fundamental incompleto, mas
nunca teve um emprego fixo.
"Já fui pintor, mas não dava para sobreviver com o dinheiro
que eu ganhava."
Já Barreto diz que, em Brasília, precisa de tudo e "ninguém
dá nada". "Passo frio e necessidade", diz ele, que estudou até a
4ª série e já morou no Guarujá
(SP). Lá, trabalhava "de carteira assinada" em uma empresa
de construção civil. "Levantei
muita casa para ricos. Vim para
Brasília procurar um emprego
melhor e um lugar decente para
morar." Não conseguiu.
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