São Paulo, sábado, 19 de maio de 2007

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Em Brasília, morador de rua dorme em árvore

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com vista para o lago Paranoá, Mário Nogueira Barreto, 36, e Josimar Bastos, 28, vivem a menos de 5 km do Palácio do Planalto, em Brasília. São moradores de rua, vindos da Bahia -há pelo menos dez anos- à procura de trabalho.
A pesquisadora Lúcia Lopes, da UnB (Universidade de Brasília), explica que a situação dos moradores de rua de Brasília é diferente da do resto do país. "Essa população ainda é composta, prioritariamente, por pessoas de outros Estados", explica. "Mesmo assim, o número de pessoas da própria cidade vem crescendo gradativamente". Segundo Lopes, o plano urbanístico da cidade também ajuda nessa diferenciação. "Eles ficam escondidos. Muitos deles dormem em árvores."
É o caso de Bastos. Antes de morar na rua com Barreto, ele conta que costumava encontrar boas árvores para se proteger do frio. Ele tem o ensino fundamental incompleto, mas nunca teve um emprego fixo. "Já fui pintor, mas não dava para sobreviver com o dinheiro que eu ganhava."
Já Barreto diz que, em Brasília, precisa de tudo e "ninguém dá nada". "Passo frio e necessidade", diz ele, que estudou até a 4ª série e já morou no Guarujá (SP). Lá, trabalhava "de carteira assinada" em uma empresa de construção civil. "Levantei muita casa para ricos. Vim para Brasília procurar um emprego melhor e um lugar decente para morar." Não conseguiu.


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