São Paulo, Quarta-feira, 19 de Maio de 1999
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Governistas articulam fim de impeachment e de CPI

JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local

Há na Câmara uma movimentação para arquivar o pedido de impeachment do prefeito Celso Pitta (sem partido) e, de quebra, vetar a prorrogação dos trabalhos da CPI que investiga a máfia da propina.
A comissão pode acabar no mês que vem, se não for aprovada uma prorrogação da investigação por mais 90 dias. Esse decisão depende do voto de 28 vereadores. A proposta deve ser aprovada primeiro na própria comissão esta semana.
Para partidos de oposição, a movimentação é uma manobra para interromper os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito. Para o líder do PPB na Câmara, Paulo Frange, o fim da CPI é necessário.
"Não tenho nada contra a CPI e não há uma definição sobre esse assunto, mas a idéia é que a Câmara volte a trabalhar no segundo semestre. Há chances de a prorrogação da CPI não ser aprovada, mas não é para a investigação parar. Precisamos trabalhar, mas, com a CPI, falta até sala na Câmara", disse o pepebista.
Frange argumentou que a investigação da máfia ficaria, com o fim da CPI, a cargo do Ministério Público e da polícia.
As declarações de Frange coincidem com as do vereador Wadih Mutran (PPB), que até anteontem se declarava favorável à continuidade da CPI. Ele é um dos integrantes da comissão. Ontem, Mutran disse que poderá rever sua posição, caso haja consenso.
"O que está acontecendo é uma articulação para vetar em um pacote só o impeachment de Pitta e a continuidade dos trabalhos da CPI", afirmou ontem o presidente da CPI, vereador José Eduardo Cardozo (PT).
"Também ouvi dizer que há uma articulação. No plenário, uma decisão dessas é até possível. Mas não acredito que a Câmara deixe de lado uma investigação como a que estamos fazendo", disse o vereador Dalton Silvano (PSDB), que também faz parte da comissão.

Lobby
Já faz algum tempo que os trabalhos da CPI da máfia recebem críticas de vereadores governistas. Desde a aprovação da comissão, em março passado, o argumento dos vereadores é que a comissão apenas repete investigações que já estão sendo feitas pelo Ministério Público e pela polícia.
Cardozo não concorda com essa análise. "Nós já até ajudamos o Ministério Público e a polícia com informações que eles não tinham."
Na própria comissão, que tem três integrantes da situação e dois da oposição, a avaliação de Cardozo não é a da maioria.

Vereadores pró-Pitta
Na manhã de ontem, uma cerimônia realizada pela prefeitura no Palácio das Indústrias se transformou em um movimento de apoio contra o impeachment do prefeito Celso Pitta.
A cerimônia foi marcada para assinatura de um decreto que cria uma seção de memórias dos bairros nas bibliotecas municipais e da autorização para o início das obras do programa Lote Legal, que vai normalizar a situação de 100 mil moradores de loteamentos clandestinos.
O evento contou com a participação de dez vereadores da base governista e mais de 2.000 pessoas de movimentos populares que foram até a prefeitura para participar do lançamento do programa Lote Legal.
Durante o evento, o vereador José Viviani Ferraz (PL) convocou o público a participar de uma marcha até a Câmara em defesa do prefeito Celso Pitta na quinta-feira. "Vamos lutar por esse homem que vem sendo injustiçado", disse.


Colaborou Gonzalo Navarrete


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