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ABASTECIMENTO
Se o nível de água continuar caindo até outubro, sistema ficará prejudicado por até 2 anos; Sabesp adia rodízio
SP admite risco de colapso no Cantareira
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o nível de água reservada no
sistema Cantareira continuar
caindo no ritmo atual, de 0,15
ponto percentual por dia, ele entrará em colapso em outubro.
Nesse caso, o abastecimento de
cerca de 9 milhões de moradores
da cidade de São Paulo e região
metropolitana (53% da população total) ficará prejudicado por
até dois anos, tempo que o sistema leva para se recuperar.
"O risco é algo muito presente",
afirma o secretário de Estado dos
Recursos Hídricos, Antonio Carlos de Mendes Thame. Mesmo assim, o racionamento de água na
área servida pelo Cantareira foi
mais uma vez adiado pela Sabesp
(Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), subordinada à Secretaria de Estado
dos Recursos Hídricos.
O sistema Cantareira operava
ontem com 32,2% de sua capacidade e pode ir a até 15%. Caso a
velocidade da queda não seja contida, em meados de outubro ele
estará com 14,2% do seu nível.
A decisão sobre a ampliação da
limitação do consumo só deve
sair na primeira quinzena de julho. Desde o dia 17 de abril, 300
mil pessoas servidas pelo sistema
Alto Cotia enfrentam falta de água
em cidades da Grande São Paulo.
Mendes Thame usa dois fatores
para ainda não decretar racionamento no Cantareira: a economia
de água que se espera com o racionamento de energia e a previsão de redução no consumo em
razão da chegada do inverno.
Um terceiro elemento é determinante: o Cantareira é o maior
sistema da região metropolitana,
e cortes no fornecimento de água
implicariam danos políticos mais
sérios ao governador Geraldo
Alckmin (PSDB).
Mendes Thame admite que o
item população atingida influi na
decisão sobre a ampliação do racionamento, mas minimiza as
consequências políticas e se concentra nos problemas técnicos.
O principal deles é a irregularidade topográfica de alguns bairros abastecidos pelo Cantareira.
Por estarem localizadas em trechos da serra da Cantareira, na
zona norte de São Paulo, certas
áreas têm grandes desníveis de altura, o que dificulta, por exemplo,
o retorno do fornecimento de
água em caso de cortes.
Saídas
Além da economia prevista, há
pelo menos mais duas saídas para
evitar a ampliação do racionamento para o sistema Cantareira:
ajuda de outros sistemas e chuva.
Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), até
agosto deve chover a média histórica no Sudeste. Este é tradicionalmente o período de seca na região
e, no Estado de São Paulo, a previsão é que as chuvas acumuladas
fiquem entre 100 e 200 mm.
Já o Inmet (Instituto Nacional
de Meteorologia) prevê a possibilidade de a estação chuvosa chegar mais cedo e começar em final
de agosto, em vez de setembro, o
que seria bom. Para fazer efeito,
porém, a precipitação precisa
ocorrer em cima das represas ou
nos rios que as formam.
A ajuda de outros sistemas também não deverá ser uma alternativa eficiente, já que todos os que
podem cobrir áreas hoje abastecidas pelo Cantareira estão operando com menos de 50% de sua capacidade -o Guarapiranga estava ontem com 47,8%, e o Alto Tietê tinha 38,2%.
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