São Paulo, terça-feira, 19 de junho de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ABASTECIMENTO

Se o nível de água continuar caindo até outubro, sistema ficará prejudicado por até 2 anos; Sabesp adia rodízio

SP admite risco de colapso no Cantareira

MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL

Se o nível de água reservada no sistema Cantareira continuar caindo no ritmo atual, de 0,15 ponto percentual por dia, ele entrará em colapso em outubro.
Nesse caso, o abastecimento de cerca de 9 milhões de moradores da cidade de São Paulo e região metropolitana (53% da população total) ficará prejudicado por até dois anos, tempo que o sistema leva para se recuperar.
"O risco é algo muito presente", afirma o secretário de Estado dos Recursos Hídricos, Antonio Carlos de Mendes Thame. Mesmo assim, o racionamento de água na área servida pelo Cantareira foi mais uma vez adiado pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), subordinada à Secretaria de Estado dos Recursos Hídricos.
O sistema Cantareira operava ontem com 32,2% de sua capacidade e pode ir a até 15%. Caso a velocidade da queda não seja contida, em meados de outubro ele estará com 14,2% do seu nível.
A decisão sobre a ampliação da limitação do consumo só deve sair na primeira quinzena de julho. Desde o dia 17 de abril, 300 mil pessoas servidas pelo sistema Alto Cotia enfrentam falta de água em cidades da Grande São Paulo.
Mendes Thame usa dois fatores para ainda não decretar racionamento no Cantareira: a economia de água que se espera com o racionamento de energia e a previsão de redução no consumo em razão da chegada do inverno.
Um terceiro elemento é determinante: o Cantareira é o maior sistema da região metropolitana, e cortes no fornecimento de água implicariam danos políticos mais sérios ao governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Mendes Thame admite que o item população atingida influi na decisão sobre a ampliação do racionamento, mas minimiza as consequências políticas e se concentra nos problemas técnicos.
O principal deles é a irregularidade topográfica de alguns bairros abastecidos pelo Cantareira. Por estarem localizadas em trechos da serra da Cantareira, na zona norte de São Paulo, certas áreas têm grandes desníveis de altura, o que dificulta, por exemplo, o retorno do fornecimento de água em caso de cortes.

Saídas
Além da economia prevista, há pelo menos mais duas saídas para evitar a ampliação do racionamento para o sistema Cantareira: ajuda de outros sistemas e chuva.
Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), até agosto deve chover a média histórica no Sudeste. Este é tradicionalmente o período de seca na região e, no Estado de São Paulo, a previsão é que as chuvas acumuladas fiquem entre 100 e 200 mm.
Já o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) prevê a possibilidade de a estação chuvosa chegar mais cedo e começar em final de agosto, em vez de setembro, o que seria bom. Para fazer efeito, porém, a precipitação precisa ocorrer em cima das represas ou nos rios que as formam.
A ajuda de outros sistemas também não deverá ser uma alternativa eficiente, já que todos os que podem cobrir áreas hoje abastecidas pelo Cantareira estão operando com menos de 50% de sua capacidade -o Guarapiranga estava ontem com 47,8%, e o Alto Tietê tinha 38,2%.


Texto Anterior: Órgão não aceita responsabilidade
Próximo Texto: Tempo: Semana poderá ser a mais fria do ano na cidade, diz meteorologia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.