São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 2006

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Amotinados matam dois detentos no ES

Corpos foram dependurados para fora do presídio de segurança máxima de Viana, na região metropolitana de Vitória

As negociações foram suspensas à noite e serão retomadas hoje; outras duas rebeliões foram encerradas no final da tarde

SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

Dois presos foram mortos ontem durante rebelião no presídio de segurança máxima de Viana, na região metropolitana de Vitória (ES). Os corpos foram exibidos pelos rebelados quando foram dependurados do lado de fora do presídio. Um dos mortos foi decapitado.
A negociação foi suspensa à noite e será retomada hoje. Cerca de 700 presos estão amotinados na unidade. Cinqüenta familiares e um agente penitenciário são mantidos reféns.
Outras duas rebeliões que estavam em andamento no Estado foram controladas no final da tarde.
No presídio de Linhares (137 km de Vitória), onde 150 presos estavam rebelados desde a tarde de sábado, um detento foi jogado do alto do prédio.
O Batalhão de Missões Especiais da Polícia Militar entrou no presídio e libertou os 46 familiares que estavam impedidos de sair. Segundo a PM, o estado do preso ferido é grave.
No final da tarde, a rebelião na Casa de Passagem, em Vila Velha, que começara havia cinco dias, foi encerrada por meio de negociação. Quatro reféns foram libertados.
De acordo com o comando da Polícia Militar do Estado, quatro armas de fogo estavam em poder dos presos. Estão previstas para hoje operações de rescaldo e avaliação dos danos nos dois presídios.

Força de segurança
Ontem pela manhã, 80 policiais da FNS (Força Nacional de Segurança) chegaram ao Estado. Eles estão alojados no 38º Batalhão do Exército, em Vila Velha, e não chegaram a entrar em ação.
Segundo o comandante-geral da PM, Antônio Carlos Barbosa Coutinho, a FNS ficará responsável pelo policiamento dos presídios por tempo indeterminado para que os policiais militares seja liberados para fazer o patrulhamento das ruas. Nos próximos dias, outros 220 agentes da FNS devem chegar ao Espírito Santo.
Pouco depois do desembarque dos policiais em Vitória, mais um ônibus era incendiado na capital. Foi o quarto veículo de transporte queimado desde quarta-feira na região metropolitana e o 15º no ano.
O Corpo de Bombeiros conseguiu controlar o fogo antes que o ônibus ficasse totalmente destruído. Ninguém ficou ferido no atentado.

PCC no ES
Antes do fim da rebelião na Casa de Passagem, os amotinados exibiram faixas de agradecimento ao apoio do PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa que comandou a onda de rebeliões e ataques a policiais em maio em São Paulo. "PCC. Agradecemos a participação" e "PCC no ES. Juntos Venceremos. PJL [abreviação de Paz, Justiça e Liberdade]", diziam duas delas.
Apesar das faixas, o comandante-geral da PM negou que exista ligação dos presos do Estado com o PCC.
"São fatos independentes", disse Coutinho em relação às rebeliões do Estado. Os motins, de acordo com o comandante, foram desencadeados pela transferência de presos do sistema prisional do Estado para a carceragem da Polícia Federal.

São Paulo
Terminou ontem, às 9h, após 20 horas de motim, a rebelião em uma cadeia pública de São Carlos. Um carcereiro foi mantido refém.
A unidade tem capacidade para 60 homens, mas abrigava 224. Ninguém se feriu. À tarde, 20 presos foram transferidos para Itapetininga (SP).
A transferência, de acordo com uma funcionária da prisão, foi reivindicada pelos presos. Ainda segundo ela, durante a rebelião, os detentos destruíram toda a prisão. Hoje, deve haver mais transferências, mas ainda não há definição de local.
Desde a última sexta, sete unidades prisionais tinham se rebelado no Estado. Um preso foi morto por outro detentos.


Colaborou MARIA FERNANDA RIBEIRO, da Folha Ribeirão


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