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Amotinados matam dois detentos no ES
Corpos foram dependurados para fora do presídio de segurança máxima de Viana, na região metropolitana de Vitória
As negociações foram suspensas à noite e serão retomadas hoje; outras duas rebeliões foram encerradas no final da tarde
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
Dois presos foram mortos
ontem durante rebelião no presídio de segurança máxima de
Viana, na região metropolitana
de Vitória (ES). Os corpos foram exibidos pelos rebelados
quando foram dependurados
do lado de fora do presídio. Um
dos mortos foi decapitado.
A negociação foi suspensa à
noite e será retomada hoje.
Cerca de 700 presos estão amotinados na unidade. Cinqüenta
familiares e um agente penitenciário são mantidos reféns.
Outras duas rebeliões que estavam em andamento no Estado foram controladas no final
da tarde.
No presídio de Linhares (137
km de Vitória), onde 150 presos
estavam rebelados desde a tarde de sábado, um detento foi jogado do alto do prédio.
O Batalhão de Missões Especiais da Polícia Militar entrou
no presídio e libertou os 46 familiares que estavam impedidos de sair. Segundo a PM, o estado do preso ferido é grave.
No final da tarde, a rebelião
na Casa de Passagem, em Vila
Velha, que começara havia cinco dias, foi encerrada por meio
de negociação. Quatro reféns
foram libertados.
De acordo com o comando da
Polícia Militar do Estado, quatro armas de fogo estavam em
poder dos presos. Estão previstas para hoje operações de rescaldo e avaliação dos danos nos
dois presídios.
Força de segurança
Ontem pela manhã, 80 policiais da FNS (Força Nacional
de Segurança) chegaram ao Estado. Eles estão alojados no 38º
Batalhão do Exército, em Vila
Velha, e não chegaram a entrar
em ação.
Segundo o comandante-geral da PM, Antônio Carlos Barbosa Coutinho, a FNS ficará
responsável pelo policiamento
dos presídios por tempo indeterminado para que os policiais
militares seja liberados para fazer o patrulhamento das ruas.
Nos próximos dias, outros 220
agentes da FNS devem chegar
ao Espírito Santo.
Pouco depois do desembarque dos policiais em Vitória,
mais um ônibus era incendiado
na capital. Foi o quarto veículo
de transporte queimado desde
quarta-feira na região metropolitana e o 15º no ano.
O Corpo de Bombeiros conseguiu controlar o fogo antes
que o ônibus ficasse totalmente
destruído. Ninguém ficou ferido no atentado.
PCC no ES
Antes do fim da rebelião na
Casa de Passagem, os amotinados exibiram faixas de agradecimento ao apoio do PCC (Primeiro Comando da Capital),
facção criminosa que comandou a onda de rebeliões e ataques a policiais em maio em
São Paulo. "PCC. Agradecemos
a participação" e "PCC no ES.
Juntos Venceremos. PJL
[abreviação de Paz, Justiça e Liberdade]", diziam duas delas.
Apesar das faixas, o comandante-geral da PM negou que
exista ligação dos presos do Estado com o PCC.
"São fatos independentes",
disse Coutinho em relação às
rebeliões do Estado. Os motins,
de acordo com o comandante,
foram desencadeados pela
transferência de presos do sistema prisional do Estado para a
carceragem da Polícia Federal.
São Paulo
Terminou ontem, às 9h, após
20 horas de motim, a rebelião
em uma cadeia pública de São
Carlos. Um carcereiro foi mantido refém.
A unidade tem capacidade
para 60 homens, mas abrigava
224. Ninguém se feriu. À tarde,
20 presos foram transferidos
para Itapetininga (SP).
A transferência, de acordo
com uma funcionária da prisão,
foi reivindicada pelos presos.
Ainda segundo ela, durante a
rebelião, os detentos destruíram toda a prisão. Hoje, deve
haver mais transferências, mas
ainda não há definição de local.
Desde a última sexta, sete
unidades prisionais tinham se
rebelado no Estado. Um preso
foi morto por outro detentos.
Colaborou MARIA FERNANDA RIBEIRO, da Folha Ribeirão
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