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Alvo de balas perdidas, prédio da Fiocruz pode até ser blindado
Pedido foi feito por funcionários da Escola Nacional de Saúde Pública, que convivem com tiroteios constantes na vizinhança
Referência na América do Sul, órgão já teve parte de seu material danificado; funcionário por pouco não foi atingido por bala de fuzil
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
A freqüência com que um dos
prédios da Fiocruz (Fundação
Oswaldo Cruz) vem sendo atingido por balas perdidas levou
funcionários da Ensp (Escola
Nacional de Saúde Pública), referência do gênero na América
do Sul, a solicitar a blindagem
das janelas do local onde trabalham à direção da fundação.
O edifício está repleto de
marcas de balas vindas da favela de Manguinhos (zona norte),
do outro lado da rua Leopoldo
Bulhões, conhecida no Rio como "faixa de Gaza", por causa
dos conflitos constantes entre
policiais e traficantes ou entre
facções do tráfico. As balas
também já atingiram o material no interior do prédio, como
teses e monografias, e por pouco não feriram funcionários.
Em 27 de maio e na última
terça, os tiroteios aconteceram
durante o dia e de forma intensa. Um dos funcionários quase
foi atingido por uma bala de fuzil, que atravessou a janela ao
lado de onde estava. Na biblioteca, as pessoas tiveram de ficar
agachadas numa sala, entre
elas uma grávida de oito meses.
"A missão da instituição é
salvar vidas, mas as nossas estão ameaçadas", disse Fátima
Martins, responsável pela biblioteca. O setor reúne 50 mil
volumes, incluindo todas as teses e monografias feitas na
Ensp. Uma fortuna em conhecimento que está sendo literalmente dilapidada: há furos de
balas em caixas com material.
"Pedimos [na semana passada] um estudo para aumento de
alvenaria ou blindagem dos vidros, a fim de reduzir o risco",
afirmou Rogério Lannes Rocha, presidente do Sindicato
Nacional de Trabalhadores da
Fiocruz.
"A Fiocruz está há 107 anos
aqui e vai ficar mais 107. Vamos
lutar junto com as comunidades para fazer essa região degradada virar civilizada", disse.
O assunto segurança dominará as assembléias do sindicato, hoje, e da Ensp, amanhã. Na
quinta, o conselho deliberativo
da Fiocruz se reúne para debater o assunto, podendo até já
aprovar a blindagem da escola.
"Vamos tomar medidas
emergenciais e continuar apostando em requalificar a vida das
comunidades no PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] urbano", disse o vice-presidente de Desenvolvimento da Fiocruz, Paulo Gadelha,
referindo-se ao projeto de reforma da área de Manguinhos,
orçado em cerca de R$ 350 milhões e previsto para começar
em 2008.
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