São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2008

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Polícia afirma que priorizou prisão de militares no Rio

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

A Secretaria Estadual da Segurança do Rio afirmou ontem que dividiu as investigações do caso do morro da Providência em duas partes e priorizou inicialmente as prisões dos militares supostamente envolvidos, para depois tentar prender traficantes do vizinho morro da Mineira, apontados como os efetivos assassinos dos três rapazes moradores.
A Folha mostrou ontem que, três dias após o assassinato dos três jovens do morro da Providência, a polícia do Rio ainda não tinha feito perícia nem nenhuma investida no morro da Mineira para tentar prender traficantes locais, apontados como assassinos.
Ontem, mais uma vez não houve operações no local. Não houve nem sequer perícia ou exame de local, procedimento técnico obrigatório para tentar identificar onde teriam sido mortos os rapazes. Nem a Polícia Militar e nem a Civil organizaram investida na favela para tentar prender traficantes da Mineira, que a polícia aponta como assassinos.
Ninguém da favela foi preso ou formalmente apontado pelo crime pela polícia. Segundo o secretário da Segurança, José Mariano Beltrame, as investigações do crime estão "adiantadas" e ele pretende prender e apresentar os criminosos no "menor tempo possível".
"Temos de ter pressa, sim, mas não podemos agir de maneira precipitada e atabalhoada, no sentido de procurar resolver um problema por termos outro problema", afirmou.
De acordo com o chefe de Polícia Civil, Gilberto Ribeiro, a primeira fase da investigação se fixou nos militares, porque o trabalho foi facilitado pela "certeza" da atuação do grupo no crime. "Uma segunda fase vem sendo desenvolvida e vamos dar seqüência para achar os verdadeiros assassinos."
Moradores relataram que de 10 a 30 criminosos -o número varia conforme o grupo de testemunhas- receberam os jovens da Providência das mãos dos militares. Em seguida, os traficantes teriam comandado uma sessão de torturas.
Os três jovens foram mortos a tiros com a suposta anuência do chefe do tráfico local, Rogério Rios Mosqueira, o Ropinol ou Macaé. Dois dos mortos tinham passagem pela polícia.


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