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Prisões surpreendem alunos do Mackenzie
"Nunca vi drogas aqui", afirma estudante
DE SÃO PAULO
Na porta, no pátio, nos corredores e na lanchonete da
Universidade Presbiteriana
Mackenzie, o clima depois da
prisão de um aluno do curso
de engenharia por tráfico de
drogas era de surpresa.
Na troca dos turnos da tarde e da noite, ninguém sabia,
ninguém viu a operação policial que resultou na detenção
de 20 jovens de classe média.
Os bares em torno da universidade, na rua Maria Antônia, estavam repletos de
estudantes, como de costume, e também por lá nenhum
dizia saber das prisões.
"Que horror. Foram presos
aqui dentro do Mackenzie?",
pergunta a aluna de arquitetura Maria Eduarda Aguiar.
Não, a blitz foi do lado de fora. E a direção diz não ter "ingerência em ações ocorridas
em espaço público".
"Sabia que tem alunos que
usam drogas, mas dentro da
faculdade nunca ouvi falar.
Nunca me ofereceram nem vi
ninguém usar ou comprar
drogas aqui dentro", diz Soraya Soares, aluna do terceiro ano de publicidade.
CAMPANHA
"Estou totalmente por fora. Nunca soube de nada em
relação a tráfico de drogas
dentro da faculdade. Nem
maconha o pessoal fuma por
aqui. Todo semestre há campanhas contra drogas com os
calouros", afirma Murilo
Franco, aluno do segundo
ano de publicidade.
Segundo ambulantes do
entorno do Mackenzie, carros de polícia passaram pela
rua Itambé, onde fica a entrada principal da universidade
à tarde, mas ninguém desconfiou que a ação buscava
alunos suspeitos de tráfico.
"As viaturas pararam bem
atrás de mim. Tomei um susto, pensei que fosse o rapa,
que seria alguma coisa comigo, mas quando o sinal abriu
os policiais foram embora",
afirma o camelô Antônio
Nascimento da Silva.
"Não é nenhuma surpresa
que estudantes universitários usam droga. Em qualquer campus há "dealers"
[traficantes], todo mundo sabe disso", diz Maurício, aluno de engenharia que se
identificou só pelo prenome.
No início da noite, carros
da Polícia Militar ainda rondavam as imediações do
Mackenzie e pareciam não
intimidar os alunos que não
sabiam de nada da operação
de pouco antes, mas já ouviram falar do velho esquema
de drogas nas faculdades.
(VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO)
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