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Falta registro de morte encefálica
DA REPORTAGEM LOCAL
O número de transplantes cresceu 18,3% de 2003 para 2004, e o
Ministério da Saúde considera
que hoje o principal problema no
país é a falta de notificação das
mortes encefálicas.
No caso do menino Antonio, no
entanto, o que houve foi uma falta
de regulamentação nacional para
o número de horas necessárias
após o uso de sedativos para confirmar a morte encefálica.
O Sistema Nacional de Transplantes, ligado ao Ministério
da Saúde, não regulamenta essa
questão, e cada central, sob responsabilidade dos governos estaduais, tem uma forma diferente
de agir. Há casos de Estados que
aguardam apenas 48 horas após
o uso de sedativos para a retirada
de órgãos.
De acordo com Roberto Soares
Schlindwein, coordenador do Sistema Nacional de Transplantes,
regulamentar o diagnóstico de
morte encefálica quando há uso
de sedativos não é função desse
sistema, mas sim do Conselho Federal de Medicina. Hoje não se sabe quanto tempo é necessário para fechar esse diagnóstico.
O corregedor do conselho, Roberto d'Ávila, reconhece a falta de
regulamentação sobre a questão
do sedativo. "Estamos abertos,
mas até agora não havia essa demanda", afirmou.
O coordenador da central de
transplantes do Rio de Janeiro,
Joaquim Ribeiro Filho, diz que já
tinha feito o pedido ao conselho
e que haveria um aumento de
30% a 40% das doações no Estado
com a padronização. Isso, no Rio,
significaria, só em 2004, um incremento de 40 doadores. Segundo
ele, a espera de 180 horas padronizada no Rio baseia-se em literatura médica.
Sobre o caso de Antonio, ele
afirma que, após contato dos pais
do garoto com Brasília, a central
recebeu informação de que São
Paulo captaria os órgãos. "Eu disse: se São Paulo pode, o Rio também pode." A central abandonou
o protocolo e retirou os órgãos
do menino.
De acordo com Ribeiro Filho,
São Paulo prometeu buscar o
coração do menino, "mas eles não
vieram".
A central de São Paulo negou a
informação. Disse apenas que
recebeu um comunicado do Rio
de Janeiro, mas que só poderia fazer a captação com a autorização
do ministério.
Já o Ministério da Saúde negou
ter dado qualquer autorização ao
Rio para a captação.
De acordo com Schlindwein, a
central de transplantes do Rio de
Janeiro foi apenas informada de
que a captação poderia ser feita
se os profissionais do Estado considerassem que havia condições
técnicas isso.
Segundo ele, também foi dito à
central do Rio que os órgãos que
não fossem aproveitados poderiam ser encaminhados a outras
centrais do país.
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