São Paulo, terça-feira, 19 de julho de 2005

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Falta registro de morte encefálica

DA REPORTAGEM LOCAL

O número de transplantes cresceu 18,3% de 2003 para 2004, e o Ministério da Saúde considera que hoje o principal problema no país é a falta de notificação das mortes encefálicas.
No caso do menino Antonio, no entanto, o que houve foi uma falta de regulamentação nacional para o número de horas necessárias após o uso de sedativos para confirmar a morte encefálica.
O Sistema Nacional de Transplantes, ligado ao Ministério da Saúde, não regulamenta essa questão, e cada central, sob responsabilidade dos governos estaduais, tem uma forma diferente de agir. Há casos de Estados que aguardam apenas 48 horas após o uso de sedativos para a retirada de órgãos.
De acordo com Roberto Soares Schlindwein, coordenador do Sistema Nacional de Transplantes, regulamentar o diagnóstico de morte encefálica quando há uso de sedativos não é função desse sistema, mas sim do Conselho Federal de Medicina. Hoje não se sabe quanto tempo é necessário para fechar esse diagnóstico.
O corregedor do conselho, Roberto d'Ávila, reconhece a falta de regulamentação sobre a questão do sedativo. "Estamos abertos, mas até agora não havia essa demanda", afirmou.
O coordenador da central de transplantes do Rio de Janeiro, Joaquim Ribeiro Filho, diz que já tinha feito o pedido ao conselho e que haveria um aumento de 30% a 40% das doações no Estado com a padronização. Isso, no Rio, significaria, só em 2004, um incremento de 40 doadores. Segundo ele, a espera de 180 horas padronizada no Rio baseia-se em literatura médica.
Sobre o caso de Antonio, ele afirma que, após contato dos pais do garoto com Brasília, a central recebeu informação de que São Paulo captaria os órgãos. "Eu disse: se São Paulo pode, o Rio também pode." A central abandonou o protocolo e retirou os órgãos do menino.
De acordo com Ribeiro Filho, São Paulo prometeu buscar o coração do menino, "mas eles não vieram".
A central de São Paulo negou a informação. Disse apenas que recebeu um comunicado do Rio de Janeiro, mas que só poderia fazer a captação com a autorização do ministério.
Já o Ministério da Saúde negou ter dado qualquer autorização ao Rio para a captação.
De acordo com Schlindwein, a central de transplantes do Rio de Janeiro foi apenas informada de que a captação poderia ser feita se os profissionais do Estado considerassem que havia condições técnicas isso.
Segundo ele, também foi dito à central do Rio que os órgãos que não fossem aproveitados poderiam ser encaminhados a outras centrais do país.


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