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ADMINISTRAÇÃO
Em relatório sobre o período entre abril e junho, Ouvidoria do município aponta déficit de atendentes
Disque-prefeitura "perde" 40% das queixas
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Quase 40% das ligações feitas à
Ouvidoria Geral do Município,
entre abril e junho deste ano, acabaram sem atendimento. Foram
15.381 chamadas perdidas nesse
período, conforme relatório do
órgão entregue na sexta-feira à
Secretaria de Governo do prefeito
José Serra (PSDB).
Na média, 190 das 500 procuras
diárias ao telefone 0800-175717,
pelo qual se formalizam as queixas à ouvidoria, foram perdidas.
O documento, que traz o balanço trimestral da ouvidoria, afirma
que o "significativo aumento" de
desistências para formalização de
queixas se deve à "redução da
equipe de atendentes". O relatório
diz ainda que o crescimento das
desistências é considerado "fato
da maior gravidade" pelo órgão.
No primeiro trimestre do ano, a
média de ligações perdidas pelos
atendentes do 0800 era de 140 por
dia. No último trimestre do ano
passado, ficou em cem perdas.
O concurso para contratação de
servidores para postos de telefonista foi suspenso pela prefeitura.
A ouvidoria aguarda, agora, a liberação para a contratação temporária de funcionários. Trabalham, hoje, apenas 4 pessoas num
sistema de atendimento projetado para 12 funcionários.
"A solução administrativa para
o caso tem sido buscada em conjunto com a Secretaria de Governo Municipal", diz o relatório.
A assessoria de imprensa do
prefeito reconhece o problema,
que atribui a questões burocráticas na contratação temporária de
pessoal para os postos. Segundo
os assessores de Serra, a falta de
atendentes na ouvidoria está sendo tratada com "urgência" pela
administração paulistana, que
pretende resolver o problema rapidamente. Não foi dado prazo
para recontratação de pessoal.
Segundo Elci Pimenta Freire,
ouvidor do município, muitos
dos paulistanos que desistem de
formalizar a queixa por falta de
atendimento voltam a procurar o
órgão. Ele faz questão de isentar a
atual administração de culpa pelos problemas enfrentados pelo
órgão. "Nossa estrutura não se
consolidou por problemas funcionais. Não há coloração partidária [nas críticas à situação da
Ouvidoria contidas no relatório
trimestral]", disse Freire, indicado para o cargo na administração
da ex-prefeita Marta Suplicy (PT).
"A situação é precária, mas não
há má vontade [de Serra]", afirmou o ouvidor. "Destacamos isso
no relatório porque aqui é a última instância [de reclamação].
Nossa credibilidade depende de
nossa capacidade de atendimento. Não podemos deixar a pessoa
pendurada no telefone esperando
atendimento", disse Freire.
Queixas
Entre os paulistanos que conseguiram formalizar sua reclamação na Ouvidoria Geral do Município, o principal problema apontado se refere à iluminação pública. Desde janeiro, foram abertos
2.897 procedimentos para atender a queixas na área. Até 31 de
maio, 1.437 deles haviam sido resolvidos, segundo o relatório
apresentado à gestão Serra.
"A manutenção urbana é sempre a área mais problemática, desde que a ouvidoria foi criada. Portanto há de se dar mais atenção a
isso", afirmou Freire.
O segundo colocado no número
de reclamações ao órgão é o problema de jardinagem (mato alto
em praças, por exemplo), com
687 procedimentos abertos. Em
seguida aparecem a perturbação
do silêncio, com 468 processos, e
buracos em via pública, com 456
reclamações. "As reclamações
acolhidas pela ouvidoria referem-se quase na totalidade a assuntos
que não tiveram solução na tratativa direta do cidadão com o órgão municipal responsável", destaca o relatório do órgão.
Resolução
Nos três primeiros meses de
gestão Serra, o número de problemas resolvidos pela ouvidoria
caiu de uma média de 70% dos
procedimentos abertos para 30%,
segundo o ouvidor. A queda é natural, segundo Freire, e se deve ao
fato de ter havido a mudança da
administração municipal.
Já no segundo trimestre, a média voltou para os 70%. "No geral,
ainda [o índice] ainda é considerado insatisfatório frente ao volume total de reclamações", diz o relatório. Nos quatro anos de existência da ouvidoria -ela foi criada por Marta em 2003-, já foram
resolvidos 12 mil casos.
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