São Paulo, terça-feira, 19 de julho de 2005

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ADMINISTRAÇÃO

Em relatório sobre o período entre abril e junho, Ouvidoria do município aponta déficit de atendentes

Disque-prefeitura "perde" 40% das queixas

CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Quase 40% das ligações feitas à Ouvidoria Geral do Município, entre abril e junho deste ano, acabaram sem atendimento. Foram 15.381 chamadas perdidas nesse período, conforme relatório do órgão entregue na sexta-feira à Secretaria de Governo do prefeito José Serra (PSDB).
Na média, 190 das 500 procuras diárias ao telefone 0800-175717, pelo qual se formalizam as queixas à ouvidoria, foram perdidas.
O documento, que traz o balanço trimestral da ouvidoria, afirma que o "significativo aumento" de desistências para formalização de queixas se deve à "redução da equipe de atendentes". O relatório diz ainda que o crescimento das desistências é considerado "fato da maior gravidade" pelo órgão.
No primeiro trimestre do ano, a média de ligações perdidas pelos atendentes do 0800 era de 140 por dia. No último trimestre do ano passado, ficou em cem perdas.
O concurso para contratação de servidores para postos de telefonista foi suspenso pela prefeitura. A ouvidoria aguarda, agora, a liberação para a contratação temporária de funcionários. Trabalham, hoje, apenas 4 pessoas num sistema de atendimento projetado para 12 funcionários.
"A solução administrativa para o caso tem sido buscada em conjunto com a Secretaria de Governo Municipal", diz o relatório.
A assessoria de imprensa do prefeito reconhece o problema, que atribui a questões burocráticas na contratação temporária de pessoal para os postos. Segundo os assessores de Serra, a falta de atendentes na ouvidoria está sendo tratada com "urgência" pela administração paulistana, que pretende resolver o problema rapidamente. Não foi dado prazo para recontratação de pessoal.
Segundo Elci Pimenta Freire, ouvidor do município, muitos dos paulistanos que desistem de formalizar a queixa por falta de atendimento voltam a procurar o órgão. Ele faz questão de isentar a atual administração de culpa pelos problemas enfrentados pelo órgão. "Nossa estrutura não se consolidou por problemas funcionais. Não há coloração partidária [nas críticas à situação da Ouvidoria contidas no relatório trimestral]", disse Freire, indicado para o cargo na administração da ex-prefeita Marta Suplicy (PT).
"A situação é precária, mas não há má vontade [de Serra]", afirmou o ouvidor. "Destacamos isso no relatório porque aqui é a última instância [de reclamação]. Nossa credibilidade depende de nossa capacidade de atendimento. Não podemos deixar a pessoa pendurada no telefone esperando atendimento", disse Freire.

Queixas
Entre os paulistanos que conseguiram formalizar sua reclamação na Ouvidoria Geral do Município, o principal problema apontado se refere à iluminação pública. Desde janeiro, foram abertos 2.897 procedimentos para atender a queixas na área. Até 31 de maio, 1.437 deles haviam sido resolvidos, segundo o relatório apresentado à gestão Serra.
"A manutenção urbana é sempre a área mais problemática, desde que a ouvidoria foi criada. Portanto há de se dar mais atenção a isso", afirmou Freire.
O segundo colocado no número de reclamações ao órgão é o problema de jardinagem (mato alto em praças, por exemplo), com 687 procedimentos abertos. Em seguida aparecem a perturbação do silêncio, com 468 processos, e buracos em via pública, com 456 reclamações. "As reclamações acolhidas pela ouvidoria referem-se quase na totalidade a assuntos que não tiveram solução na tratativa direta do cidadão com o órgão municipal responsável", destaca o relatório do órgão.

Resolução
Nos três primeiros meses de gestão Serra, o número de problemas resolvidos pela ouvidoria caiu de uma média de 70% dos procedimentos abertos para 30%, segundo o ouvidor. A queda é natural, segundo Freire, e se deve ao fato de ter havido a mudança da administração municipal.
Já no segundo trimestre, a média voltou para os 70%. "No geral, ainda [o índice] ainda é considerado insatisfatório frente ao volume total de reclamações", diz o relatório. Nos quatro anos de existência da ouvidoria -ela foi criada por Marta em 2003-, já foram resolvidos 12 mil casos.


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