São Paulo, quinta-feira, 19 de julho de 2007

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Jornalista da Folha é preso ao fotografar local

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O repórter-fotográfico Rogério Cassimiro, da Folha, foi preso, algemado, colocado em um veículo da Polícia Militar e conduzido ao 27º Distrito Policial, em Campo Belo, ontem pela manhã, sob a alegação de que violara o cordão de isolamento no galpão da TAM, "atrapalhando os serviços do Corpo de Bombeiros" no local.
O delegado de plantão, Paulo Sérgio Silva, chegou a dar voz de prisão à advogada do jornal, Marina Dias Werneck de Souza, sob a alegação de que ela cometera "crime de desacato", enquanto acompanhava o depoimento do jornalista. A advogada pedira ao policial que constasse do termo circunstanciado (registro oficial da ocorrência) algumas afirmações prestadas pelo jornalista.
Aos gritos, o delegado Silva -que recuaria depois da ordem de prisão- tentou impedir a advogada de falar e sugeriu que ela lesse, em voz alta, trechos do Código de Processo Penal.
"O episódio constitui uma violência à liberdade de imprensa e ao direito de defesa. O jornalista foi injustamente atingido no exercício da profissão e uma advogada foi destratada por um delegado que agiu com truculência", diz José Carlos Dias, do escritório Dias e Carvalho Filho, do qual a advogada é uma das sócias. Ex-ministro da Justiça, Dias é pai da advogada. Ele informou que vai entrar com uma representação contra o delegado.
Marina diz que foi desrespeitada, como advogada, pela autoridade policial. "O delegado me desrespeitou no exercício da profissão. Eu estava apenas garantindo profissionalmente o direito de defesa do jornalista", diz.
No boletim emitido pela delegacia, consta como "vítima" da ocorrência o primeiro tenente PM Maurício de Araújo, que estava em serviço de comando da Força Tática na região do aeroporto de Congonhas, e, como testemunha, a PM Adriana Soares dos Santos.
De acordo com o documento, Araújo informou que o fotógrafo foi "por várias vezes solicitado a se retirar do local, posto que estava atrapalhando os serviços do Corpo de Bombeiros, além de colocar em risco sua própria vida".
Ainda segundo o relato do policial militar, como o jornalista "não obedecia à ordem de retirada", foi "necessário o uso de força moderada para retirá-lo daquele local".
A assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública informou que, "segundo o delegado titular do 27º DP, Antonio Carlos Menezes Barbosa, vai ser aberto um inquérito policial para apurar o extravio do celular do fotógrafo e também para apurar se houve abuso dos policiais durante a elaboração do termo circunstanciado na delegacia".
O delegado Paulo Sérgio Silva não ofereceu sua versão ao jornal, conforme solicitação feita à assessoria da Secretaria da Segurança.


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