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Jornalista da Folha é preso ao fotografar local
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O repórter-fotográfico Rogério Cassimiro, da Folha, foi
preso, algemado, colocado em
um veículo da Polícia Militar e
conduzido ao 27º Distrito Policial, em Campo Belo, ontem
pela manhã, sob a alegação de
que violara o cordão de isolamento no galpão da TAM,
"atrapalhando os serviços do
Corpo de Bombeiros" no local.
O delegado de plantão, Paulo
Sérgio Silva, chegou a dar voz
de prisão à advogada do jornal,
Marina Dias Werneck de Souza, sob a alegação de que ela cometera "crime de desacato",
enquanto acompanhava o depoimento do jornalista. A advogada pedira ao policial que
constasse do termo circunstanciado (registro oficial da
ocorrência) algumas afirmações prestadas pelo jornalista.
Aos gritos, o delegado Silva
-que recuaria depois da ordem
de prisão- tentou impedir a
advogada de falar e sugeriu que
ela lesse, em voz alta, trechos
do Código de Processo Penal.
"O episódio constitui uma
violência à liberdade de imprensa e ao direito de defesa. O
jornalista foi injustamente
atingido no exercício da profissão e uma advogada foi destratada por um delegado que agiu
com truculência", diz José Carlos Dias, do escritório Dias e
Carvalho Filho, do qual a advogada é uma das sócias. Ex-ministro da Justiça, Dias é pai da
advogada. Ele informou que vai
entrar com uma representação
contra o delegado.
Marina diz que foi desrespeitada, como advogada, pela
autoridade policial. "O delegado me desrespeitou no exercício da profissão. Eu estava apenas garantindo profissionalmente o direito de defesa do
jornalista", diz.
No boletim emitido pela delegacia, consta como "vítima"
da ocorrência o primeiro tenente PM Maurício de Araújo,
que estava em serviço de comando da Força Tática na região do aeroporto de Congonhas, e, como testemunha, a
PM Adriana Soares dos Santos.
De acordo com o documento,
Araújo informou que o fotógrafo foi "por várias vezes solicitado a se retirar do local, posto
que estava atrapalhando os
serviços do Corpo de Bombeiros, além de colocar em risco
sua própria vida".
Ainda segundo o relato do
policial militar, como o jornalista "não obedecia à ordem de
retirada", foi "necessário o uso
de força moderada para retirá-lo daquele local".
A assessoria de imprensa da
Secretaria da Segurança Pública informou que, "segundo o
delegado titular do 27º DP, Antonio Carlos Menezes Barbosa,
vai ser aberto um inquérito policial para apurar o extravio do
celular do fotógrafo e também
para apurar se houve abuso dos
policiais durante a elaboração
do termo circunstanciado na
delegacia".
O delegado Paulo Sérgio Silva não ofereceu sua versão ao
jornal, conforme solicitação
feita à assessoria da Secretaria
da Segurança.
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