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Ministro da Saúde autoriza liberação imediata de corpos
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Saúde, José
Gomes Temporão, determinou
a liberação imediata para traslado dos corpos das vítimas do
acidente com o avião da TAM
ocorrido anteontem no aeroporto de Congonhas.
Isso significa que os corpos
deverão ser liberados pelo IML
(Instituto Médico Legal) logo
após a identificação.
Eles estão dispensados de
passar pelo rito previsto pela
resolução 147 da agência, que
determina, entre outros pontos, que restos mortais devem
ser submetidos à inspeção sanitária. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
afirma que a medida não acarreta nenhum risco de transmissão de doenças.
De acordo com a agência, a
determinação do ministro foi
repassada a todos os aeroportos do país, à Infraero (estatal
que administra o aeroporto), à
Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil) e às empresas
que farão os transporte dos corpos para que os traslados ocorram o mais rápido possível.
O mesmo procedimento foi
adotado com as 154 vítimas do
acidente com o Boeing da Gol,
ocorrido em setembro do ano
passado.
Sala no aeroporto
Na madrugada de ontem, cada vez que alguém chegava à recepção da sala de autoridades
do aeroporto de Congonhas e
perguntava se o nome de seu
parente estava na lista de vítimas da tragédia, o olhar de todos ao redor se voltava para a
lista na tela do computador. No
"sim", restava ir a uma sala ao
lado para conversar com médicos legistas.
"Ele tinha tatuagem? Extraiu
algum dente? Tinha alguma
marca de nascença? Manchas?
Tinha sinusite? Que número de
calça usava?" Um casal tentava
responder às perguntas, que
ajudariam na identificação dos
corpos. O homem ficava ao telefone com outro conhecido da
vítima. "A tatuagem era colorida?", perguntava ele, enquanto
a mulher ao lado chorava.
Em outro sofá, Wanda, mãe
de Priscila Bertoldi Silva, era
sabatinada. Tinha tatuagem?
"Não!" Tinha alguma mancha?
"Não! Não tinha nada. Era linda, magra e alta, como você está
vendo na foto", explicava, com
duas imagens da filha nas mãos.
Da sala de autoridades, vetada para a imprensa, os familiares e amigos de vítimas são levados para o hotel Blue Tree
Towers da avenida Faria Lima,
onde podem pernoitar, à espera de notícias. Aos que estavam
chegando, a orientação era para
trazer fotos das vítimas -de
preferência sorrindo, para reconhecimento da arcada dentária- e radiografias.
No saguão, quatro copeiras
serviam lanches e suco, em copinhos da companhia aérea da
TAM.
Mais uma mãe chega desesperada e oferecem-lhe água.
"Eu não quero nada. Eu quero
ajudar a reconhecer minha filha", afirma.
(ANGELA PINHO e DANIEL BERGAMASCO)
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