São Paulo, quinta-feira, 19 de julho de 2007

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Ministro da Saúde autoriza liberação imediata de corpos

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, determinou a liberação imediata para traslado dos corpos das vítimas do acidente com o avião da TAM ocorrido anteontem no aeroporto de Congonhas.
Isso significa que os corpos deverão ser liberados pelo IML (Instituto Médico Legal) logo após a identificação.
Eles estão dispensados de passar pelo rito previsto pela resolução 147 da agência, que determina, entre outros pontos, que restos mortais devem ser submetidos à inspeção sanitária. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) afirma que a medida não acarreta nenhum risco de transmissão de doenças.
De acordo com a agência, a determinação do ministro foi repassada a todos os aeroportos do país, à Infraero (estatal que administra o aeroporto), à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e às empresas que farão os transporte dos corpos para que os traslados ocorram o mais rápido possível.
O mesmo procedimento foi adotado com as 154 vítimas do acidente com o Boeing da Gol, ocorrido em setembro do ano passado.

Sala no aeroporto
Na madrugada de ontem, cada vez que alguém chegava à recepção da sala de autoridades do aeroporto de Congonhas e perguntava se o nome de seu parente estava na lista de vítimas da tragédia, o olhar de todos ao redor se voltava para a lista na tela do computador. No "sim", restava ir a uma sala ao lado para conversar com médicos legistas.
"Ele tinha tatuagem? Extraiu algum dente? Tinha alguma marca de nascença? Manchas? Tinha sinusite? Que número de calça usava?" Um casal tentava responder às perguntas, que ajudariam na identificação dos corpos. O homem ficava ao telefone com outro conhecido da vítima. "A tatuagem era colorida?", perguntava ele, enquanto a mulher ao lado chorava.
Em outro sofá, Wanda, mãe de Priscila Bertoldi Silva, era sabatinada. Tinha tatuagem? "Não!" Tinha alguma mancha? "Não! Não tinha nada. Era linda, magra e alta, como você está vendo na foto", explicava, com duas imagens da filha nas mãos.
Da sala de autoridades, vetada para a imprensa, os familiares e amigos de vítimas são levados para o hotel Blue Tree Towers da avenida Faria Lima, onde podem pernoitar, à espera de notícias. Aos que estavam chegando, a orientação era para trazer fotos das vítimas -de preferência sorrindo, para reconhecimento da arcada dentária- e radiografias.
No saguão, quatro copeiras serviam lanches e suco, em copinhos da companhia aérea da TAM.
Mais uma mãe chega desesperada e oferecem-lhe água. "Eu não quero nada. Eu quero ajudar a reconhecer minha filha", afirma.
(ANGELA PINHO e DANIEL BERGAMASCO)


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