São Paulo, sábado, 19 de julho de 2008

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Consórcio contesta IPT e diz que cratera no metrô foi fatalidade

Laudo particular afirma que problemas com o terreno eram "imprevisíveis"

CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O Consórcio Via Amarela, responsável pela construção da linha 4 do metrô, apresentou ontem laudo em que aponta três "fatalidades" como causas do acidente que matou sete pessoas na obra da futura estação Pinheiros em 2007.
O parecer incluiu um relatório de "inconsistências" de cada um dos 11 pontos do laudo do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). No documento, divulgado há 40 dias, o IPT culpou o Metrô e, principalmente, o consórcio pelo acidente.
Segundo especialistas que fizeram o laudo do consórcio, de 800 páginas, a geologia do local era diferente da prevista no projeto básico apresentado antes da licitação (veja quadro). As diferenças também não foram detectadas pelo Via Amarela em 20 sondagens complementares e, portanto, são consideradas "imprevisíveis".
O relatório do IPT apontava má gestão, falhas no projeto e falta de acompanhamento dos sinais de que poderia haver um deslizamento. O diretor de contratos do consórcio, Márcio Pellegrini, criticou o relatório do instituto e afirmou que não havia nada de anormal na obra.
Ele confirmou, porém, que, às 14h (53 minutos antes do acidente), um técnico foi ao local para fazer uma sondagem adicional. O normal é fazer apenas uma sondagem, que já havia sido feita pela manhã. "Como ali não tinha comportamento atípico, em tese, não haveria necessidade de fazer esta leitura às 14h, mas ele procurou se antecipar à leitura que seria feita no sábado de manhã. Talvez para adiantar o trabalho, é normal isto acontecer."
Sustentando que as causas do acidente eram imprevisíveis, Pellegrini disse que hoje "dificilmente alguém arriscaria fazer um túnel dentro de um centro urbano, passando este túnel por uma área de contato como aquela, de geologia complexa". Lembrado de que as obras seguem no local, mudou de idéia. "Não, acho que arriscaria, sim. Só que hoje temos aí um exemplo vivido, que é uma experiência negativa. Isto, no mínimo, pode levar a uma reflexão".
Pellegrini mostrou a foto de uma rocha que poderia ter causado um acidente na estação Butantã se fosse achada em outra etapa da obra. "Você pode fazer uma sondagem a dez centímetros e cair do lado da rocha". O IPT deve analisar o relatório e se pronunciar na semana que vem.


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