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Qualidade do ar piora no interior de SP
Problema também afeta cada vez mais a população de municípios da Baixada Santista e do entorno da capital
Mapeamento da Cetesb mostra que dez cidades interioranas com mais de 200 mil habitantes estão com o ar saturado
EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO
A afirmação de que a cidade de São Paulo tem uma poluição do ar crônica não surpreende mais ninguém. Desde 2005, porém, o mesmo
problema está cada vez mais
persistente nas grandes cidades do interior do Estado, da
região metropolitana de São
Paulo e da Baixada Santista.
Segundo a mais recente
classificação da saturação do
ar do Estado, feita pela Cetesb (Companhia Ambiental
do Estado de SP), dez cidades
do interior com mais de 200
mil habitantes têm o ar saturado (veja quadro ao lado).
Entre elas, estão importantes centros econômicos como
Campinas, Ribeirão Preto,
São José dos Campos e Taubaté. Outras estão com o ar
em vias de saturação, como
São Carlos, Araraquara, Bauru e São José do Rio Preto.
Na comparação entre relatórios semelhantes emitidos
em 2008, 2009 e 2010 -mas
que consideram os números
de 2005 a 2009-, a situação
piorou em cidades como Santos, Santo André e Cubatão.
O ar saturado pode trazer
problemas de saúde à população, principalmente crianças e idosos. O risco de câncer de pulmão é maior.
POLUIÇÃO LOCAL
Segundo a Cetesb, a poluição nesses locais está mais
relacionada a fontes locais
de contaminação, sejam elas
fixas -como indústrias- ou
móveis, como veículos. Em
alguns casos, porém, a influência da poluição da capital não pode ser descartada.
"Em Santos, o principal
problema são as partículas
em suspensão, geradas, por
exemplo, pelo grande movimento de caminhões transportando grãos no porto",
diz Carlos Komatsu, gerente
do Departamento de Qualidade Ambiental da Cetesb.
A agência é obrigada a dizer anualmente onde a qualidade do ar está preocupante.
A legislação de 2007 obriga, ainda, a classificar a saturação do ar como moderada,
séria ou severa. Na lista recém-divulgada, 44 cidades
-todas praticamente ao redor da capital- estão com o
grau mais alto de poluição.
AUTOMÓVEIS
Os principais poluentes
que causam esse quadro, revelam os números da Cetesb,
têm nome e endereço.
O ozônio, chamado de poluente secundário -por se
originar de um processo e
não de uma fonte de emissão
direta- é um dos principais
problemas. Ele é formado a
partir de substâncias oriundas da queima incompleta
dos combustíveis veiculares.
Como mostrou ontem reportagem da Folha, a frota
do país aumentou 52% em
cinco anos (2005 a 2010), puxada, principalmente, pelo
crescimento do total de motos (expansão de 105%). A
frota de carros cresceu 40%,
e a de caminhões, 45%.
Em termos estruturais, os
especialistas concordam que
a primeira ação a ser feita nas
cidades com altos índices de
ozônio e material particulado -um problema praticamente mundial hoje- é o
controle do uso do diesel.
Estimativas mostram que
80% e 40% dos precursores
dos dois poluentes, respectivamente, derivam da frota a
diesel. As motos, também,
principalmente as mais antigas (fabricadas antes de
2008), são bem mais poluentes que o carro -algumas
chegam a jogar 20 vezes mais
poluentes na atmosfera.
NOVAS FONTES
"Em termos gerais, a situação ainda não melhorou,
mas, a partir de 2013, teremos ações mais efetivas para
controlar a poluição das novas fontes de emissão, como
indústrias", diz Komatsu.
A legislação de 2007, afirma, era para controlar as novas fontes de poluição. Uma
das ações que a Cetesb pode
fazer, por exemplo, é endurecer o licenciamento ambiental de novas indústrias onde
a poluição do ar estiver severa. "Sobre as fontes antigas,
não tem muito o que fazer."
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